Reflexos do caso de "vaca louca", no Pará, chegam ao mercado bovino gaúcho

Reflexos do caso de "vaca louca", no Pará, chegam ao mercado bovino gaúcho

Preço do boi gordo recua 0,7% e da vaca gorda, 1,3%, conforme levantamento semanal do NESPro/UFRGS

Camila Pessôa

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As consequências do caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), doença popularmente conhecida como “vaca louca”, detectado no Pará no último dia 22 de fevereiro, começam a chegar ao Rio Grande do Sul. Com a protocolar suspensão das exportações de carne bovina brasileira à China, o preço médio do boi gordo caiu 0,7% nesta semana em relação à anterior. Segundo cotações divulgadas nesta quarta-feira pelo Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (NESPro UFRGS), o valor do quilo vivo saiu R$ 9,66 para R$ 9,59. Os reflexos também são vistos na comercialização de vaca gorda recuou 1,3%, chegando a R$ 8,08 o quilo vivo, ante os R$ 8,19 da semana anterior.

“Desde o primeiro momento já imaginávamos que poderia haver algum tipo de efeito no mercado. Embora o Rio Grande do Sul não seja tão dependente da exportação, o sinal de âmbito mundial afeta a demanda e pode repercutir nos preços”, argumenta o coordenador do NESPro/UFRGS, Júlio Barcellos. Segundo ele, o comportamento de queda é semelhante ao ocorrido no Brasil Central e também é influenciado pelo período pós-carnaval, pois muitos brasileiros ainda não receberam o salário de março. Além disso, há o fato de os frigoríficos exportadores estarem redirecionando a demanda de boi gordo para os que atuam no mercado interno, depreciando ainda mais as cotações das fêmeas.

De acordo com o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, os casos no Pará atingem todo o Brasil, afetam todos os mercados e pode fazer com que os preços do boi gordo reduzam ainda mais ao produtor. “Não tem nada que nós possamos fazer. Só temos que esperar que o Brasil exporte de novo para a China. Mas a expectativa é de que o país asiático libere a carne brasileira até por uma situação de boa vontade, poiReflexoss isso não prejudica nada e ninguém”, completa, ao lembrar que, para o bovino uruguaio, os preços já subiram.

O governo brasileiro aguarda, para o final desta semana, o resultado da contraprova laboratorial sobre a tipicidade da enfermidade. A expectativa do setor e do Ministério da Agricultura é que a mesma seja atípica, argumentação que deve ser levada pelo presidente Lula a Pequim, no próximo dia 28 de março, para que as importações sejam retomadas. Barcellos acredita que as remessas devam ser retomadas em 45 dias. “A China está muito dependente de carne, outros países não tem como cobrir essa diferença de uma hora para outras”, justifica.


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