Retorno gradual da chuva pode ser decisivo para a soja

Retorno gradual da chuva pode ser decisivo para a soja

Com fim do La Niña, tendência para clima é de retorno à normalidade e ocorrência do El Niño ainda não está confirmada

Patrícia Feiten

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Apesar de irregulares e mal-distribuídas, as chuvas registradas no Rio Grande do Sul desde o final de fevereiro vêm colaborando para a recuperação das lavouras de soja. Ainda assim, um levantamento da Emater/RS-Ascar realizado na primeira semana de março projeta perda média de 33,59% para a cultura nesta safra em razão da estiagem, segundo o diretor técnico da empresa, Claudinei Baldissera. No início do mês, a estimativa divulgada durante a realização da Expodireto, em Não-Me-Toque, era de queda de 31,1% na produção do grão.

Segundo Baldissera, os prejuízos da estiagem estão mais concentrados na Fronteira Oeste do Estado e a previsão de mais chuva ao longo desta semana poderá favorecer as áreas onde a soja se encontra na fase de crescimento vegetativo. “Nestas regiões, há uma possibilidade de, pelo menos, estagnar aquele dano mais severo que a estiagem vinha causando”, avalia o diretor.

De acordo com o Boletim Integrado Agrometeorológico divulgado na sexta-feira pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Infraestrutura (Seapi), a segunda (20) e a terça-feira (21) serão marcadas por tempo firme e temperaturas acima de 35°C na maior parte do Estado, mas uma frente fria provocará pancadas de chuva na Fronteira Oeste e Campanha. Na quarta (22), o deslocamento dessa frente levará chuva a todo o Estado. “O quanto isso vai repercutir positivamente (na soja) conseguiremos mensurar ao final da colheita, porque, provavelmente, em algumas das lavouras parte do dano já se instalou, mesmo que o aspecto visual (das plantas) seja bom”, observa Baldissera.

Apontado como o responsável pelas últimas estiagens no Rio Grande do Sul, o fenômeno La Niña se despede após três de duração. Para o restante de março e abril, as previsões indicam retorno gradual da chuva, embora sem grandes volumes que possam dificultar a colheita da soja, explica a agrometeorologista Loana Cardoso, coordenadora do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs). “Estamos numa frase neutra. Ao que tudo indica, teremos uma safra de inverno sem problemas”, afirma Loana.

Segundo a agrometeorologista, os prognósticos climáticos hoje sinalizam 60% de probabilidade de formação do El Niño entre agosto e outubro. O fenômeno, porém, terá de ser confirmado nos próximos meses. “Estamos saindo do La Niña e tendendo à normalidade, com projeções de um El Niño no final do outono, início da primavera. Mas podemos (inclusive) ter um ano neutro”, destaca Loana.


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