Rio Grande do Sul muda ações de controle de doenças entre ovinos
No final de 2022, a Secretaria Estadual da Agricultura identificou 51 focos de sarna e piolheira em propriedades da Fronteira-Oeste do Estado
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Em todo o Rio Grande do Sul, a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação identificou, entre agosto e dezembro do ano passado, 51 focos de sarna e piolheira em ovinos, 25 deles dentro dos limites municipais de Sant'Ana do Livramento. Até o final do mês passado, a secretaria trabalhava com a suspeita de que pelo menos 41,5 mil animais pudessem estar infectados, o que corresponde a 12% do rebanho santanense, de 339, 3 mil animais. Os dados foram apresentados em palestra na 15ª Agrovinos, que se encerrou no último sábado, em Bagé, pela fiscal agropecuária veterinária da pasta, Marcela Corrêa.
De acordo com Marcela, a identificação dos primeiros casos ocorreu a partir da denúncia de um casal de produtores da região. Entre julho e dezembro de 2022, 116 propriedades foram interditadas, ficando impossibilitadas de movimentar seus animais para qualquer finalidade. Segundo a fiscal, 144 propriedades tiveram a recomendação para iniciar o tratamento dos ovinos e outras 873 receberam orientações educativas sobre os sinais clínicos e cuidados que precisam tomar para evitar a doença.
Marcela destaca que, ao ser identificada a doença em uma propriedade (foco), a fiscalização realiza o auto de interdição e planeja um cronograma para investigar a possibilidade da presença da doença em propriedades vizinhas com ovinos. O tratamento costuma ser duas aplicações, com intervalo de sete a 10 dias, com lactonas macrocíclicas (ivermectina, por exemplo), mas que tem que ser estendido até a cura dos animais. A fiscal também ressalta a importância de realizar a pintura para diferenciar quais animais já foram tratados e quais não. Como a doença é extremamente transmissível, mesmo que apenas um esteja apresentando sinais clínicos, a propriedade tem que ficar interditada.
Nathália Bidone, do Programa Estadual de Sanidade Ovina (Proeso), classifica os números como “relevantes” e cita a troca de métodos de fiscalização como possíveis responsáveis pelo crescimento de registros neste último ano. Segundo ela, a secretaria passou a fazer mais buscas ativas em propriedades do Estado, visitando a campo e realizando a análise clínica dos animais.
Em dezembro do ano do passado, a secretaria dispensou o produtor rural da apresentação de nota fiscal que comprova tratamento contra as infestações. Há consenso da fiscalização de que o método era pouco eficiente para comprovar o tratamento feito pelos produtores, sendo o aumento das visitas técnicas a conduta que a defesa sanitária passa a adotar para controlar a doença.
Surtos não afetam temporada de remates
O presidente da Associação Bageense de Criadores de Ovinos (Abaco), Gustavo Velloso, afirma que os focos de sarna e piolho no rebanho ovino da Fronteira-Oeste não vão impactar nos resultados dos remates de verão do segmento, que se iniciaram no dia 4 de janeiro e seguem nas regiões produtoras até o dia 10 de fevereiro, segundo o calendário oficial liberado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação.
Velloso explica que a fiscalização sanitária é obrigatória em todas as feiras agropecuária e que animais com qualquer tipo de impedimento não são admitidos nos certames, pois a inspeção é rigorosa. De acordo com os organizadores da feira de Bagé, nesta ano houve um incremento de 40% no número de animais inscritos para o evento, não tendo sido registrado nenhum caso de piolho ou sarna. A edição de 2023 da Agrovinos teve a participação de 52 municípios do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, registrando a presença de 86 expositores. O resultado financeiro da exposição deve ser divulgado nesta segunda-feira.
*Sob supervisão de Nereida Vergara