RS assume Aliança Láctea com desafios de produção e competitividade

RS assume Aliança Láctea com desafios de produção e competitividade

Rodrigo Rizzo passa a coordenar bloco que envolve os três estados do Sul e busca reposicionar o setor

Correio do Povo

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Nos próximos dois anos, a coordenação da Aliança Láctea Sul Brasileira será do Rio Grande do Sul. Assessor da presidência da Federação da Agricultura do RS (Farsul), Rodrigo Rizzo assume a posição da iniciativa, que envolve representantes dos três estados do Sul, com o desafio implementar estratégias definidas no Plano de Desenvolvimento da Competitividade Global do Leite Sul-Brasileiro, apresentado na quarta-feira em reunião da Aliança na sede Farsul, em Porto Alegre. O plano foi conduzido por Airton Spies, de Santa Catarina, que coordenava a Aliança e passou o cargo a Rizzo.

“Temos produção estagnada desde 2019, até houve pequeno decréscimo, temos enfrentamento de demanda reprimida da população, e também nossos produtores e indústrias fizeram adequações, o que elevou bastante a escala”, afirma Rizzo. Segundo o coordenador, a região Sul melhorou a produtividade e a qualidade do produto, teve custos de produção mais elevados em razão de adequações feitas, e precisa encontrar mercados no Exterior para escoar a produção. Rizzo lembra que o Rio Grande do Sul teve redução de 60% no número de produtores entre 2015 a 2023 e um período de 2023 em que as margens foram muito baixas ou até negativas para o produtor.

“Temos de continuar produzindo leite de altíssima qualidade, aumentando a escala de produção, melhorar o rendimento industrial, a logística de distribuição e a qualidade da energia elétrica e internet, além de fidelizar a compra da indústria do produtor em contrato”, afirmou. O novo coordenador também coloca em foco a sanidade do produto e a equivalência dos serviços de inspeção.

Ao passar o cargo, Spies destacou que a Região Sul produz 40% do leite, é responsável por 34% da produção industrializada e tem 92% no índice de formalização do leite nacional. Conforme o ex-coordenador, regiões como o Nordeste têm em torno de 50% do leite captado destinado ao processamento industrial. O secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat), Darlan Palharini, destacou a importância da união da produção sul-brasileira para superar dificuldades como a importação de lácteos e alertou que os projetos nacionais precisam avaliar as diferentes realidades do país. 

Para reposicionar a produção nacional, o Plano de Desenvolvimento da Competitividade Global do Leite Sul-Brasileiro apresenta um diagnóstico das fragilidades e indica linhas e ações a serem adotadas nos próximos anos. O projeto foi elaborado de forma conjunta por representantes do Sul e deve ser apresentado aos governos estaduais e federal, empresas e bancos de fomento. “O leite é hoje a cadeia produtiva que tem os maiores ganhos marginais a incorporar. É um setor que tem ineficiências e no qual ações que forem feitas darão grandes resultados. Tem também potencial de movimentar a economia, gerando empregos e consumo de equipamentos e insumos”, afirmou Spies.

A Aliança Láctea enfrenta desafios como a estagnação da produção nacional desde 2014, atrelado à renda da população. Conforme Spies, o projeto de competitividade buscará formas de oferecer alimento de qualidade a preço acessível, considerando que o leite brasileiro está desconectado do mercado internacional com relação a custos. “Conquistar competitividade global é aumentar a produção e enfrentar as importações por meio de competitividade. Falamos que tem mais leite importado no Brasil, mas isso ocorre porque os lácteos brasileiros estão mais caros do que a média mundial”, assinalou. Na sua visão, o  ajuste depende de aumento de produção, melhor rendimento industrial por meio de quantidade de sólidos e abertura de mercados. O secretário do Sindilat reforçou a necessidade de incorporar ações de marketing para gerar novos hábitos de consumo, combater a desinformação e valorizar o produto.

 


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