RS terá de importar cevada para produção de cerveja

RS terá de importar cevada para produção de cerveja

Chuvas do inverno prejudicaram colheitas no Estado

Danton Júnior

Chuvas do inverno prejudicaram colheitas no Estado

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As chuvas do último inverno devem comprometer a produção gaúcha de cevada, com impacto na indústria cervejeira. Com isso, a Ambev terá de importar mais para a Maltaria Passo Fundo, onde o cereal se transforma em malte. Segundo o gerente e agrônomo da Ambev, Dércio Oppelt, o percentual de importação deve passar de 20% para cerca de 50%.

A indústria recebeu agricultores, distribuidores e representantes de cooperativas para um Dia de Campo, nesta terça-feira, para conhecer o processo de fabricação da principal matéria-prima da cerveja. A fábrica recebe 135 mil toneladas de cevada e produz 110 mil toneladas de malte por ano. De acordo com Oppelt, o clima ocasionou um grão menor nesta temporada, embora a colheita ainda esteja no início. “Quando isso acontece, você tem queda na produtividade”, explicou. Em 2013, a média colhida foi de 3 mil kg/hectare. Para este ano, a projeção é de 2,5 mil kg/ha.

Motivados por uma safra recorde no ano passado, o casal Ari e Mirdes Fleck, de Victor Graeff, plantou 15 hectares neste ano. Esperavam repetir a colheita de 60 sacas por hectare. “Este ano, não sei se deu 20”, lamentou Victor. Apesar disso, a família, que também planta trigo e aveia, pretende continuar com a cevada na rotação de culturas.
Para ser aproveitada pela indústria, a germinação deve apresentar um índice de 95%. Do contrário, ela é utilizada como forrageira. “Num clima normal, temos 90% de produção absorvida pela indústria”, explica o técnico da Emater de Erechim Waldir Machado. “Mas nestas condições climáticas, vamos ter dificuldades.” De acordo com ele, parte da produção que já começou a ser colhida não atende aos requisitos.

Segundo Oppelt, a Ambev, que fomenta o cultivo do cereal no país, espera alcançar 100% de matéria-prima local em cinco a sete anos. Hoje, a matéria-prima importada vem principalmente da Argentina. Em 2014, a área plantada no Estado cresceu em 25%, para 55 mil hectares.


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