Seapi monitora greening com uso de armadilhas

Seapi monitora greening com uso de armadilhas

Material será instalado em mais de 200 pontos de acompanhamento em pomares de citros em 43 municípios gaúchos até janeiro

Patrícia Feiten

Doença é considerada a mais devastadora da citricultura mundial e, quando afeta as plantas, é preciso erradicá-las

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O Rio Grande do Sul ainda não teve registros de greening – ou huanglongbing –, considerada a doença mais devastadora da citricultura mundial, mas está empenhado na prevenção do problema. Para ampliar o monitoramento do inseto vetor da doença, o Departamento de Defesa Vegetal (DDV) da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) iniciou a instalação de armadilhas adesivas em pomares comerciais e domésticos de citros. Ao todo, propriedades de 43 municípios gaúchos receberão os materiais e serão monitorados mais de 200 pontos em todo o Estado.

Neste segundo semestre do ano, o governo estadual adquiriu 1,2 mil armadilhas de controle de insetos-pragas. Segundo a chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Seapi, Rita Antochevis, esse estoque possibilitará o monitoramento até a metade de janeiro – o vetor apresenta maior atividade no período de primavera e verão. Os materiais adesivos atraem os insetos, que ficam grudados neles, e a cada 15 dias os fiscais estaduais agropecuários irão até o local recolhê-los para análise e instalação de novas armadilhas. “Só a presença do inseto (nas armadilhas) não quer dizer que ele está infectado. Se for encontrado, vamos mandar para o laboratório, que vai fazer análise para ver se está contaminado com a bactéria do greening”, afirma Rita.

Chamado de psilídeo, o inseto vetor transmite o greening das plantas doentes para as saudáveis. Os vegetais afetados ficam amarelados, os frutos nascem pequenos e deformados, e a única solução é a erradicação das plantas. Não há, porém, risco para os humanos. A Seapi observa que o greening já está presente nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, além da Argentina e do Uruguai, que fazem fronteira com o Rio Grande do Sul.

Segundo Rita, os pontos de monitoramento estão distribuídos por todo o Estado, sendo a maioria concentrada no Vale do Caí. Para a definição dos locais, a secretaria levou em conta regiões com alto potencial de entrada de cargas de frutas cítricas procedentes de outros estados e dos países vizinhos. “Há muitos anos o Estado faz o monitoramento e foram achados pouquíssimos exemplares. Acreditamos que a população do inseto aqui no Rio Grande do Sul é muito baixa, pelas questões climáticas”, diz Rita. Neste ano, foram realizadas 18 coletas de plantas e frutos com sintomas, todas com resultado negativo para a doença.

Caso os citricultores ou pessoas que tiverem árvores de citros em pomares domésticos detectem sintomas de greening, podem entrar em contato com a Divisão de Defesa Sanitária Vegetal, pelo e-mail defesavegetal@agricultura.rs.gov.br ou pelo telefone (51) 3288-6294. Dessa forma, a Seapi poderá enviar uma equipe de fiscalização para fazer a coleta de material. “O inseto vetor é parecido com uma mosquinha, ele fica na folha em ângulo de 45 graus e tem as asas pretas”, explica Rita.

A secretaria alerta que a compra de frutas com folhas contraria as normas do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para a circulação de frutas de regiões onde há ocorrência de greening para outras que não têm casos ou adotam algum tipo de controle. Outra orientação é ter cuidado na compra de mudas. “(A recomendação) é adquirir só mudas certificadas, não trazer material de fora do Estado que não tenha uma garantia de sanidade. A gente quer convencer o pessoal da importância desse monitoramento”, destaca Rita.


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