Sem abertura oficial, tem início a 28ª Agrishow
Organização do evento, que acontece em Ribeirão Preto, São Paulo, e é referência na América Latina, cancelou cerimônia em razão de polêmica pela presença de Bolsonaro
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Maior evento agropecuário do centro do país, a 28ª Agrishow, em Ribeirão Preto, São Paulo, começa nesta segunda-feira quebrando o protocolo com a eliminação da abertura oficial, tradicionalmente marcada pela presença de autoridades federais e por anúncios de interesse do setor. Na semana passada, o anúncio da vinda do ex-presidente Jair Bolsonaro à cerimônia acabou causando um mal-estar com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, o qual desistiu de comparecer à abertura. Com a grande repercussão do episódio, os organizadores da feira divulgaram nota neste domingo informando o cancelamento do ato.
A visita do ex-presidente, entretanto, está confirmada para hoje. Bolsonaro chegou na tarde de ontem ao aeroporto de Ribeirão Preto, onde foi recebido por apoiadores.
Um dos anúncios aguardados por parte do governo federal era o de um aporte de R$ 17 bilhões para todas as linhas ainda do Plano Safra 2022/2023. Segundo o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Pedro Estevão Bastos, essa expectativa não foi abalada pelo cancelamento da visita de Fávaro.
“Eu creio que a questão do Fávaro não prejudicou de nenhuma forma, acho que são coisas diferentes, uma coisa é a parte política e outra coisa são os negócios. A gente espera que os aportes sejam anunciados”, afirma Bastos, em posicionamento que é compartilhado por Francisco de Godoy Bueno, vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), uma das entidades realizadoras da Agrishow. “Isso não frustra as expectativas, não tira o brilho da feira. A feira conviveu muito bem em todos os governos e continua convivendo”, diz Bueno.
A confirmação dos aportes deve influenciar diretamente nas vendas de máquinas durante a Agrishow. “Se tivermos esse anúncio do aporte, o resultado da feira pode ser bom, mas com certeza não vamos ter um resultado espetacular como o do ano passado”, avalia Bastos. Enquanto o mercado teve um desempenho excepcionalmente bom em 2022, o que levou a um valor recorde, em vendas na feira, de R$ 10,5 bilhões – cerca de 13,1% de todo o valor comercializado internamente pelo setor durante o ano, de R$ 80 bilhões –, em 2023 não está tão aquecido.
Essa desaceleração das vendas ocorre em função do fim dos recursos para linhas de crédito no Plano Safra ainda no ano passado e de uma alta taxa de juros praticada no mercado, que fica em torno de 17%, explica Bastos. Mas, diz ele, a situação não é considerada crítica pelo setor, o que leva a uma expectativa de que os resultados fiquem próximos aos de 2022. “O agricultor está capitalizado, vai plantar a nova safra de verão e já está se falando em aumento de área”, justifica.
A organização da 28ªAgrishow confirma a participação de 800 expositores e espera receber pelo menos o mesmo número de visitantes do ano passado, de 190 mil pessoas. Para potencializar os resultados, investiu em melhorias na infraestrutura. “Foi feito um longo trabalho para auxiliar na saída dos veículos da rodovia e levá-los ao estacionamento”, afirma a diretora da Agrishow, Liliane Bortoluci.
