Seminário debate tendências de consumo de carne

Seminário debate tendências de consumo de carne

Setor produtivo debate ações para informar consumidor sobre benefícios da proteína bovina para a saúde e real impacto ambiental da pecuária, usando, por exemplo, as redes sociais

Patrícia Feiten

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O que vem por aí no consumo de carne bovina? A pergunta foi o ponto de partida da mesa-redonda que encerrou a programação da XVIII Jornada NESPro e do VI Simpósio Internacional sobre Sistemas de Produção de Bovinos de Corte, na tarde desta terça-feira (30), no Salão de Atos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Organizados pelo Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (NESPro) da instituição de ensino, os eventos começaram na segunda-feira.

Entre os caminhos apontados pelos debates, o professor Julio Barcellos, coordenador do NESPro, afirma que a cadeia produtiva deve levar mais conhecimento ao consumidor de alimentos, para que ele possa tomar decisões de consumo bem-informadas. “A ideia é utilizar uma linguagem simples e direta, demonstrando os benefícios da carne para a sociedade, demonstrando que ela não é a vilã da saúde, não é o elemento desagregador dos recursos naturais e que tem um papel importante como atividade econômica”, explica.

Segundo Barcellos, o setor atualmente é prejudicado pela disseminação de informações equivocadas sobre o impacto ambiental da pecuária, procedentes principalmente da União Europeia. “Atacar a carne bovina hoje no mundo é atacar basicamente o Brasil, o maior produtor (mundial). Não é uma teoria da conspiração, mas precisamos ter um pouco de discernimento para entender certas questões que estão sendo apresentadas e não se sustentam com base na ciência”, diz o professor, sugerindo, por exemplo, a promoção de campanhas informativas por meio das redes sociais.

Um dos participantes da mesa-redonda, o engenheiro agrônomo Roberto Rodrigues destaca que, apesar do avanço de movimentos como o veganismo e o vegetarianismo, baseados na dieta sem carnes, e da expansão da oferta dos chamados produtos plant-based – alimentos industrializados a partir de matéria-prima de origem vegetal –, as perspectivas para a pecuária de corte no Brasil são positivas. Ex-ministro da Agricultura e Pecuária, Rodrigues cita estudos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) que projetam crescimento do consumo de carnes em geral até 2050. “O que explica isso é não só o aumento da população. Nos últimos 50 anos, a população (global) cresceu (cerca de) três vezes, e o consumo de carne cresceu cinco vezes, porque houve o crescimento da renda também. Então, a tendência é manutenção de demanda”, afirma.

Também participaram da mesa-redonda o pesquisador Guilherme Malafaia, da Embrapa Gado de Corte; a zootecnista Andrea Mesquita, CEO da startup Território da Carne; e a consultora de marketing estratégico e comunicação científica Lívia Padilha.


 


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