Setor de biocombustíveis fortalece atuação na América Latina

Setor de biocombustíveis fortalece atuação na América Latina

Associações assinam manifesto em defesa do avanço integrado da fonte de energia limpa

Thaise Teixeira

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Entidades representativas do setor de biocombustíveis do Brasil, Uruguai, Argentina, Colômbia e Paraguai assumiram, ontem, uma postura conjunta para promover estratégias de transição energética para os transportes veicular, aéreo, fluvial e marítimo. A intenção foi oficializada ontem no Manifesto em Defesa dos Biocombustíveis, do qual 13 entidades representativas do setor tornaram-se signatárias, dentre as quais a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e a Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio). O documento tornou-se público após a realização de encontro virtual intitulado “Um firme compromisso com o biocombustível para a descarbonização global, promovido pela Associação para Transição Energética e pelo Fórum Indústria e Energia, da Espanha. 

Um dos objetivos do grupo é fomentar a criação de marcos regulatórios e regras que viabilizem investimentos no setor e o aumento da capacidade produtiva de biocombustível e a industrialização de áreas rurais. Com isso, pretendem que a América Latina se torne, até 2050, uma região cuja matriz de combustíveis seja plenamente limpa, renovável e sustentável. “Queremos aumentar a oferta de alimento e de energia limpa, políticas públicas e previsibilidade jurídica. Temos uma grande oportunidade de tornar a América Latina o Oriente Médio Verde”, declarou o diretor do conselho da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) e CEO da BSBios, Erasmo Carlos Battistella, durante a reunião. 

O grupo também defende a criação de um plano regional de transição energética, com financiamento e alinhamento político consistente para enfrentar as alterações climáticas e aos recursos de cada região. E destaca a necessidade de garantir o avanço de pesquisas científicas e tecnológicas para que os países possam cumprir os compromissos assumidos para a descarbonização no Acordo de Paris, aproveitando as capacidades de suas cadeias agrícola e pecuária. A questão foi pontuada pelo empresário brasileiro ao lembrar que o Brasil é um grande exportador de matéria-prima in natura para a produção de biocombustíveis, mas que, apesar disso, permite apenas o uso de 10% de biodiesel ao diesel atualmente. “Poderíamos estar com o mercado maior, pois tínhamos a previsibilidade de adicionar 14% agora”, lamenta. 

Com a produção de 6 bilhões de litros de biocombustíveis ao ano, Battistella ressaltou a capacidade de os países da América Latina de produzir matéria-prima de baixo carbono com muito respeito ao meio ambiente.  “Temos uma janela muito grande para isso, mas precisamos passar por discussões mais amplas de políticas públicas, o que começa em cada país”, pontua. O presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) salienta a importância de ações que valorizem os patrimônios locais para a produção de biocombustíveis “ao mesmo tempo que desenvolve toda a cadeia de valor envolvida, gerando emprego e promovendo a economia, ao mesmo tempo em que se materializa como uma solução de curto prazo e baixo investimento para uma transição efetiva da matriz energética mais limpa”, assinala.


Correio do Povo
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