Setor de máquinas diz estar satisfeito com vendas na Expodireto

Setor de máquinas diz estar satisfeito com vendas na Expodireto

Empresas levam a Não-Me-Toque o que há de mais moderno em termos de agricultura de precisão

Felipe Faleiro

Tainara, de São Francisco de Assis, adquiriu um trator em Não-Me-Toque

publicidade

Com 159 empresas, o setor de máquinas e equipamentos agrícolas é um dos maiores da Expodireto Cotrijal 2022. É fato que muitas pessoas estão na feira apenas para admirá-las, enquanto outros fecham grandes negócios. Grandes ou pequenas, as companhias trazem o que há de mais moderno e tecnológico, buscando atender às demandas de um agro cada vez mais dinâmico. Tratores, colheitadeiras, plantadeiras, monitores e pulverizadores são apenas alguns dos itens disponíveis pelas mais diversas marcas, cujas novidades enchem os olhos dos visitantes.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no RS (Simers), Claudio Bier, diz que a Expodireto “é uma grande alavanca de vendas”. Sem citar números, ele ressalta que as comercializações de máquinas nesta edição da Expodireto Cotrijal já satisfazem, ainda que a feira esteja no início. O sindicato não tem números de intenções de vendas ou negócios concretizados, o que somente será divulgado no final do evento. “O público está muito interessado, e parece que não sentiu a seca. A cada ano, o setor evolui com novas tecnologias, e o agricultor quer tê-las na sua lavoura. Conversei com colegas industriais e todos eles estão satisfeitos”, comenta ele.

“Esta feira é bem como estamos dizendo, da retomada. Apesar de a estiagem ter atingido algumas regiões do Estado, o agricultor está confiante e capitalizado”, afirma o gerente de vendas da Massey Ferguson, Ordely Júnior. Neste ano, a marca, que completa 175 anos no mundo, trouxe quatro novos produtos. A Expodireto é, por assim dizer, um grande show room destas empresas que utilizam a feira como vitrine. Para atrair os clientes, vale de robô dançante às demonstrações das próprias máquinas e lojinhas de souvenirs próprias das marcas. E quem compra recebe mimos trazidos de drone ou homenagem com sinos.

A família Jardim, composta pelos pais Sandro Jardim e Márcia Fischer da Silva, e os filhos Alessandro e Bruno, fez negócio no estande da Massey. Sandro já havia visitado a feira em outras oportunidades, no seu início, enquanto, para os demais membros, foi a primeira vez. Eles têm uma propriedade no interior do município de Vale Verde, no Vale do Rio Pardo. “Estamos triplicando a produção de soja, de 200 para 600 hectares. E o que tínhamos até agora não estava dando conta. Buscamos mais tecnologia para nossa lavoura”, diz Alessandro.

Já a jovem Tainara Gripa veio de São Francisco de Assis. Ela pilota uma colheitadeira e adquiriu um trator na Expodireto. Com 26 anos de idade, a médica veterinária conta que acompanha o pai no plantio e colheita desde criança, mas começou há cerca de dois anos a dirigir as máquinas que percorrem o solo de trigo, soja e aveia. A propriedade da família tem por volta de mil hectares. “Um dia, ele me pediu para auxiliar, e gostei. Hoje, sou o braço direito dele”, afirma ela.

Um dos financiamentos mais utilizados pelos produtores rurais era o Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota), vinculado ao BNDES. Mas sua concessão foi suspensa e não há inclusive intenção de ele ser relançado, segundo Bier. Sem os recursos controlados, há a opção dos bancos de fábrica, cujos concedentes são os próprios fabricantes dos equipamentos. Só que o Moderfrota costumava ter taxas mais atraentes, de até 8,5% ao ano. Nos financiamentos privados, a variação é de 9,5% a 15% anuais. Há, contudo, alternativas sendo feitas.

“Temos criado linhas alternativas, como uma em moeda estrangeira. Isto não onera tanto o produtor, já que ela está vinculada ao dólar, como também ocorre com a soja”, afirma o gerente da AGCO Finance para a empresa Valtra, Renan Borges. De acordo com ele, o ímpeto das aquisições não mudou, mas há mais cautela para investimentos. Para as empresas cuja participação na 22ª Expodireto Cotrijal é mais modesta, o clima é de otimismo. “Estivemos, antes daqui, na Show Rural Coopavel, no Paraná. E lá não foi tão bom, talvez por ter sido a primeira feira depois da retomada da pandemia, em fevereiro. Na Expodireto, o público está superando as expectativas”, diz Marco Jeske, vendedor da Pro Solus, empresa paranaense que fabrica monitores de plantio e pulverizadores de sulco.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895