Setor de máquinas e implementos agrícolas deve fechar 2024 em baixa

Setor de máquinas e implementos agrícolas deve fechar 2024 em baixa

Recuperação de vendas depende de fatores como melhoria do preço de commodities e queda nas taxas de juros

Poti Silveira Campos

Vendas de máquinas e implementos agrícolas está em queda desde 2023

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Em queda desde o ano passado, o setor de máquinas e implementos agrícolas vive um momento de incerteza em relação à recuperação de faturamento ainda em 2024. Para a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o fechamento do período acumularia uma baixa de 15% na receita líquida, e esta é considerada uma projeção otimista.

Há cerca de uma quinzena, a previsão otimista era de -10%. No último dia 27, no entanto, a Abimaq divulgou os resultados do primeiro bimestre de 2024, motivando uma revisão nos cálculos para os próximos meses. Em relação ao mesmo período no ano passado, houve uma diminuição de 29,7% nas vendas, com janeiro e fevereiro somando R$ 7,57 bilhões em receita líquida. No acumulado de 12 meses, 23,1% a menos. Considerando apenas fevereiro, redução de 28,2%, com um total de R$ 4,29 bi. Em 2023, o setor fechou com menos 23,2%, afetado por questões climáticas, preço das commodities e juro alto. Mesmo com os percentuais negativos atingindo quase 30% em alguns casos, dirigente de entidades de representação do setor descartam estar diante de uma crise.

“Não podemos falar em cenário de crise. Uma crise é quando não há saída. O que estamos vivendo agora é um problema conjuntural. Ao longo do tempo, na medida em haja consumo do excesso de estoque, o preço das commodities deve melhorar. A seca também é pontual, não significa que teremos seca no ano que vem”, diz Pedro Estevão, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq. “Esse ano não deve ser um ano bom. Ano que vem deve ser um pouco melhor. Mais para frente, o mercado voltará a ter a pujança que teve nos últimos anos”, complementa.

Férias e demissões

O presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers), Cláudio Bier, avalia que, talvez em três meses, seja possível uma recuperação “na baixa de vendas”, ainda que nem todas as condições para tanto possam não se confirmar em apenas um trimestre: melhora nos preços dos grãos, baixa dos juros e redução de estoques nas revendas, hoje ainda bem supridas em razão da pujança dos primeiros anos da década. “Como vínhamos vendendo bem até 2022, as revendas estão muito estocadas para voltar a comprar.” Bier deposita parte de suas esperanças no programa Mais Alimentos, lançado pelo governo federal em meados de 2023 com o objetivo de aumentar a produção de alimentos no país, estimular a indústria nacional, diminuir a penosidade do trabalho no campo e facilitar o acesso às máquinas e implementos para a agricultura familiar. “O programa vai deslanchar, e aí talvez seja possível recuperar um pouco.”

Bier confirmou que empresas como John Deere e AGCO, estabelecidas no Estado, deram férias coletivas a seus funcionários, enquanto outras promoveram demissões. “Tivemos muitas contratações quando estávamos vendendo bem. Então, agora houve um ajuste no número de funcionários”, afirma. De acordo com o presidente, o Simers ainda não dispõe do número de dispensas ocorridas nos últimos meses.


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