Soja cai com entrada sazonal de safra

Soja cai com entrada sazonal de safra

Previsão de colheita recorde no país deve manter pressão de baixa nas cotações nas próximas semanas, diz analista

Patrícia Feiten

publicidade

A expectativa de produção nacional recorde de soja e a entrada na safra 2022/2023 no mercado vêm pressionando para baixo os prêmios de exportação e as cotações da commodity. Em fevereiro, os preços médios da oleaginosa recuaram 3,8% no Brasil e 4,6% no Rio Grande do Sul na comparação com o mês anterior, de acordo com levantamento da consultoria Safras & Mercado. Nas próximas semanas, o avanço da colheita deve continuar freando a valorização do grão, avalia o analista Luiz Fernando Gutierrez.

Segundo o consultor, apesar da estiagem que afetou algumas regiões produtoras gaúchas, como a Fronteira Oeste, a safra brasileira de soja projetada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) deve superar 150 milhões de toneladas, impulsionada pelo bom desempenho do Centro-Oeste – para o Rio Grande do Sul, a Safras & Mercado estima uma colheita de 17,65 milhões de toneladas, com produtividade média de 2.700 quilos (45 sacas de 60 kg) por hectare.

Por conta da maior oferta, os preços não estão acompanhando a Bolsa de Mercadorias de Chicago, onde os contratos futuros da soja vêm sendo negociados em torno de 15 dólares por bushel. “Já estamos com colheita avançada no Mato Grosso. Temos até prêmios (de exportação) negativos em algumas posições, uma coisa que não acontecia havia muito tempo, porque tem muita soja entrando”, diz Gutierrez, citando os embarques do grão pelo porto paranaense de Paranaguá, principal terminar formador de preços do grão no país.

Segundo o analista, porém, esse movimento de recuo dos preços internos era previsto e indica uma “normalização” do mercado de soja, já que no ano passado a produção nacional encolheu 25 milhões de toneladas em razão da forte estiagem enfrentada pela Região Sul. Puxadas pela Bolsa de Chicago e pela baixa oferta, as cotações da saca chegaram a romper a marca dos R$ 200 em 2022. “No ano passado, a safra brasileira começou a entrar em fevereiro e os preços em março e abril começaram a subir, num movimento contrário ao normal no mercado, em reflexo do problema de produção que tivemos”, explica Gutierrez.

Aguardado para o final de março, o próximo relatório mensal de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) poderá influenciar o comportamento das cotações. “Mas, de uma forma geral, o primeiro semestre deve ser de preços mais pressionados no Brasil. A gente não vê nenhum grande fator para preços voltarem a subir ou disparar”, diz o analista. 

As cotações

A cotação média da soja no Rio Grande do Sul era de R$ 165,28 por saca na semana, de acordo com levantamento da Emater/RS-Ascar de 1º de março. No mercado à vista (spot) nacional, o Indicador Esalq/BM&F Bovespa da soja com base no Porto de Paranaguá estava em R$ 169,23 por saca em 2 de março.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895