Suinocultor independente busca equivalência tributária para aumentar competitividade

Suinocultor independente busca equivalência tributária para aumentar competitividade

Acsurs reivindica ao governo do Estado que pessoa física tenha mesmo regime fiscal de CNPJ

Itamar Pelizzaro

Planteis de pessoas físicas abastecem agroindústrias de todos os portes

publicidade

A Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) está buscando alterações na tributação estadual para melhorar a competitividade de produtores independentes que não mantêm vínculo com o sistema de integração de agroindústrias e de cooperativas. O assunto está em discussão no Grupo de Trabalho (GT) de Proteína Animal, coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec) e no qual o segmento já conseguiu sensibilizar o governo do Estado e obter avanços em questões de carga tributária. O presidente da Acsurs, Valdecir Folador, diz que o setor pede que o governo gaúcho adote mecanismo semelhante ao existente em São Paulo, que iguala o tratamento tributário do produtor independente ao de detentores de CNPJ.

“O produtor independente hoje tem um plantel de 83 mil matrizes no Rio Grande do Sul, entre as 370 mil, e atende a pequena e médias agroindústrias do Estado e uma grande agroindústria de Frederico Westphalen, que está aberta e abate mais de 1,5 mil suínos por dia porque esse segmento tem suínos para fornecer há três anos já”, afirma Folador. Este ano, a Acsurs levou outros temas ao GT de Proteína Animal. Segundo a Sedec, o setor teve atendidos pleitos como o diferimento na compra óleo vegetal degomado com ICMS zero e a manutenção da carga tributária de 6% para venda interestadual de suínos vivos, com validade retroativa a 1º de agosto e estendida até 31 de julho de 2024.

Folador acredita que o governo será sensível à terceira demanda, de adotar o formato de equalização vigente em SP. “O produtor precisa comprar milho fora, principalmente do Centro Oeste, e de lá para cá paga 9% de ICMS na origem. Defendemos que ele possa ter a equivalência como o CNPJ, que compra milho do Centro Oeste e consegue ter crédito de ICMS”, detalha. “Não estamos pedindo benesses para o produtor ter mais lucro”, diz o presidente da Acsurs. Folador diz que a equalização tributária pretendida traria equilíbrio para o produtor se manter competitivo, arcando com tributos devidos, mas não pagando excedentes. Conforme o dirigente, essa parcela da suinocultura independente emprega mais de 3 mil pessoas apenas na produção no campo. “Se um CNPJ pode, vamos construir para que o CPF do produtor rural suinocultor também possa”, afirma.

A Acsurs fez uma projeção para a Secretaria da Fazenda. A venda de suínos para fora de São Paulo, Paraná e Santa Catarina é tributada em 6%, gerando cerca de R$ 15 milhões em arrecadação direta. Na compra de milho de fora do Estado para alimentar o rebanho, os produtores pagam em torno de outros R$ 15 milhões. A compensação buscada seria de R$ 15 milhões. “É importantíssimo, porque dá diluição de custo. O produtor vai ser mais competitivo e terá melhores condições de manter sua atividade com essa questão tributária equalizada , conforme funciona no CNPJ”, destaca Folador.

O titular da Sedec, Ernani Polo, confirma que o tema está em análise pela equipe técnica da Secretaria da Fazenda para posterior debate com os entes do governo que atuam no GT. “Esse grupo trabalha desde junho e já atendeu alguns pleitos do setor suíno”, lembra Polo. “Nosso intuito é facilitar os negócios e promover a competitividade para todo o setor, foco principal presente na linha de trabalho que adotamos", diz o secretário. Na Secretaria da Fazenda, o tema tem recebido atenção do subsecretário da Receita Estadual, Ricardo Neves Pereira. “A demanda é complexa para ser implementada, pois teria de ser feita para todos os produtores do RS, de forma a garantir isonomia no tratamento”, adianta. “Além disso, a legislação permite que a propriedade rural possa se transformar no equivalente a uma empresa normal, com direito a apuração do ICMS, assim como fazem as demais empresas”, salienta.

 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895