Suinocultor vê saldo positivo apesar do aumento de custos em 2020

Suinocultor vê saldo positivo apesar do aumento de custos em 2020

Atividade precisou se adequar à pandemia, duas estiagens e alta nos preços do milho ao longo do ano passado

Nereida Vergara

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Lideranças da suinocultura definem 2020 como um ano ímpar para o segmento, uma verdadeira “montanha-russa” de situações que exigiram investimento e persistência de produtores e indústrias para enfrentar a pandemia do coronavírus, duas estiagens em sequência e uma virada histórica nos custos de produção. Segundo a pesquisa mensal da Embrapa Suínos e Aves, os custos tiveram alta de 53,61% nos últimos 12 meses. 

No início de 2020, o quilo vivo do suíno era vendido a R$ 5,64, a saca do milho custava R$ 42,00 e a tonelada do farelo de soja, R$ 1.320,00. Em dezembro, o preço do quilo ao produtor independente chegou a R$ 7,75, a saca do milho a R$ 75,00 e a tonelada de farelo a R$ 2.445,00. Hoje, para produzir um quilo de suíno, o produtor gasta R$ 6,77.

O presidente da Associação dos Criadores de Suínos do RS (Acsurs), Valdecir Folador, afirma que o suinocultor fechou o ano com uma margem de lucro entre 10 e 12%. “Entre as idas e vindas do mercado, o saldo é positivo”, aponta. Segundo ele, a demanda por exportações de carne suína e o pagamento do auxílio emergencial, que elevou o consumo, acabaram compensando as turbulências de 2020. 

Folador acredita que um dos grandes desafios da suinocultura em 2021 no Estado está ligado à mudança de status sanitário. Para o dirigente, a condição de zona livre de aftosa sem vacinação pode trazer crescimento nos abates de suínos, já que novos mercados irão se abrir. Em 2020, foram abatidos 9 milhões de suínos em solo gaúcho. 

Na indústria, o ano de 2020 foi ainda mais complexo, em especial o primeiro semestre, recorda o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos (Sips), Rogério Kerber. “Além dos problemas da cadeia, a indústria precisou investir na reorganização de toda a sua estrutura produtiva, para se adaptar às exigências de combate à pandemia”, comenta. Mesmo assim, diz Kerber, o setor fecha o ano com produção aproximada de 800 mil toneladas de carne, das quais em torno de 250 mil foram exportadas, e um aumento nos preços ao consumidor entre 20 e 25% em relação a dezembro de 2019. 


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