Suinocultores sonham com resultado igual ao de 2020

Suinocultores sonham com resultado igual ao de 2020

Ano passado foi marcado por recordes nas cotações e exportações, mas custos também se elevaram e seguem preocupando produtor

Cíntia Marchi

Hein entende que se ano for bom, produtor deve fazer caixa para o futuro

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Os suinocultores esperam repetir em 2021 os resultados conquistados em 2020, ano em que a atividade estabeleceu novos recordes de preços, abates e exportações. Apesar do tombo das cotações entre abril e início de maio, revés da pandemia provocada pelo coronavírus, o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador, diz que, na média geral, 2020 deixou resultados econômicos positivos para o produtor. Para ilustrar, cita o quilo do suíno vivo, que chegou a picos históricos em novembro, de R$ 8,91 para o produtor independente e de R$ 6,04 para o integrado.

Segundo o dirigente, os preços permitiram que o criador se capitalizasse e colocasse suas contas em dia, depois das dificuldades enfrentadas entre 2018 e 2019, a partir da desistência da Rússia, até então a grande compradora, de importar a proteína nacional. Folador observa que agora a suinocultura tem se beneficiado dos embarques para a China, que, sozinha, comprou metade da exportação brasileira em 2020, de 1 milhão de toneladas exportadas. “Estamos dependentes da China, mas não podemos reclamar”, comenta. Mesmo que no final de 2020 tenha ocorrido uma pressão de baixa nos preços, Folador acredita em estabilidade ao longo do ano. Em 29 de janeiro, o quilo vivo era vendido a R$ 7,18 (independente) e a R$ 5,92 (integrado).

A grande preocupação do setor refere-se aos gastos com a produção. “Não tem nada indicando que nossos custos vão afrouxar, nem mesmo a entrada da nova safra de grãos”, lamenta Folador, ao lembrar que o milho e o farelo de soja são os componentes principais da alimentação dos animais. Este também é o receio do vice-presidente da Associação de Suinocultores de Três Passos (Assuipassos), Elemar Hein. “Estamos otimistas, mas com uma pulga atrás da orelha”, admite. “Precisamos que os preços dos nossos produtos pelo menos acompanhem os eventuais novos aumentos dos insumos”, completa o criador que, em 2020, fechou uma nova parceria comercial e desde então passou a ser responsável pela alimentação dos suínos em sua Unidade Produtora de Leitões (UPL). “Mesmo que o ano seja bom, acredito que é hora de fazer caixa para suportar crises que podem vir adiante”, sustenta.


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