Trigo gaúcho atinge recorde em 2022

Trigo gaúcho atinge recorde em 2022

Os 5,7 milhões de toneladas colhidos no Rio Grande do Sul garantiram 53% da produção nacional

Correio do Povo

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O Rio Grande do Sul colheu em 2022 um total de 5,7 milhões de toneladas de trigo, o maior volume da história da cultura no Estado. Com isso, no ano passado, 53% da produção nacional do grão foi oriunda das lavouras gaúchas, o que não acontecia desde 2013, quando o Estado colheu 57% do trigo produzido no país, conforme informou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Ontem, o superintendente regional da Conab, Carlos Roberto Bestetti, apresentou o Levantamento Objetivo da Produtividade (LOP) referente às lavouras de trigo do Rio Grande do Sul. O trabalho foi realizado entre julho e dezembro do ano passado utilizando tecnologias de sensoriamento remoto, identificação de áreas de plantio e produtores.

Os técnicos companhia visitaram as principais regiões produtoras de trigo do Estado: Alto Uruguai, Planalto Superior, Missões, Planalto Médio, Centro e Sul. Foram incluídos no roteiro da pesquisa municípios como Santa Maria, Cachoeira do Sul, Cruz Alta, Panambi, Passo Fundo, Carazinho e Erechim, entre outros. As produtividades variaram conforme a região, ficando entre 1.560 quilos e 6.060 quilos por hectare. A média chegou a 3.941 quilos por hectare, também a mais alta dos últimos anos.

Levando em consideração que o trigo foi a alternativa de rentabilidade para muitos dos produtores gaúchos na última safra de verão, que registrou perdas de cerca de 50% na soja, Carlos Bestetti projeta que a área plantada com o trigo se eleve dos 1,4 milhão de hectares, para até 2 milhões de hectares. Ele justifica a possibilidade de escolha do grão novamente pelo produtor para investir na safra de inverno de 2023 pelo fato de que já se desenha outra frustração na oleaginosa, em razão da estiagem provocada pelo fenômeno La Niña.

O presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Arroz do Ministério da Agricultura e Pecuária e diretor da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Hamilton Jardim, que participou da reunião, não é tão otimista. O dirigente ressalta que os produtores estão com bastante dificuldades de obter crédito, uma vez que as instituições bancárias atrelam os financiamentos à contratação de seguro, mas em apólices nas quais a cobertura média é de 25% das lavouras, a um custo bem alto. "Além disso, está se encerrando o La Niña e deve se iniciar o El Niño, que tradicionalmente é um fenômeno muito desfavorável ao trigo", completa.

A metodologia do LOP foi usada na forma de projeto-piloto em 2020 e 2021 e, conforme Bestetti, em breve poderá ser aplicada para apurar a produtividade do arroz.


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