Trigo tende a manter área e preços estáveis em 2021

Trigo tende a manter área e preços estáveis em 2021

Previsão da indústria e produtores considera que oferta está ajustada e que a cultura de inverno vai oferecer perspectiva de rentabilidade

Nereida Vergara

Colheita deixou de atingir à expectativa inicial por causa da geada de agosto

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Mesmo com a finalização da colheita do trigo no Rio Grande do Sul e a consolidação de um volume produzido entre 2,3 milhões e 2,5 milhões de toneladas, a indústria moageira gaúcha considera que é cedo para quantificar a necessidade de importação do grão em 2021. O presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Rio Grande do Sul (Sinditrigo), Diniz Furlan, afirma que, descontadas as cerca de 900 mil toneladas comprometidas pelo triticultor no mercado futuro, mais as quantidades destinadas à produção de sementes e ração animal, devem sobrar para a indústria moageira cerca de 1,1 milhão de toneladas. “A importação, em média, é de 300 mil toneladas por ano de trigo, podendo chegar a 500 mil toneladas”, ressalta o dirigente, para explicar que “tudo dependerá do volume (da safra) se confirmar e da qualidade que o trigo tiver”.

Furlan acredita que a entrada no mercado da nova safra não provocará redução significativa nos preços. Em 2020, o setor enfrentou uma alta de 94% na cotação do trigo, o que resultou no repasse de 20% aos preços da farinha. “Não dá para garantir que os preços serão os mesmos de 2020, mas, com a oferta ajustada, não devem ser muito menores no ano que vem”, projeta. A saca do trigo, conforme o indicador Cepea/Esalq, esteve cotada a R$ 78,70 nesta terça-feira.

Em decorrência de uma geada no mês de agosto, as lavouras de trigo do Rio Grande do Sul tiveram uma quebra média estimada entre 25% e 30% sobre a expectativa de produção, que era de 3,2 milhões de toneladas. A área plantada no Estado foi 26% maior que a de 2019, chegando a 915 mil hectares.
Sérgio Feltraco, diretor executivo da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro), aponta que o revés climático na safra deste ano não deve tirar o entusiasmo do triticultor e nem provocar novo encolhimento de área. “Com as perdas que podem se consolidar na safra de verão, o produtor tem na cultura de inverno a expectativa de rentabilidade, além, obviamente, dos preços, que devem se manter atrativos no ano que vem”, complementa.

Para Feltraco, a necessidade de importação dos moinhos será mais qualitativa do que quantitativa em 2021. Segundo o diretor da Fecoagro, a indústria deve buscar trigo estrangeiro para formar misturas que atendam as exigências do mercado consumidor no que diz respeito às farinhas destinadas às massas, biscoitos e panificação.


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