Visitas ao litoral preocupam autoridades após caso de gripe aviária na Praia do Cassino

Visitas ao litoral preocupam autoridades após caso de gripe aviária na Praia do Cassino

Secretaria da Agricultura mobiliza prefeituras para evitar contato de pessoas com animais que possam chegar infectados às praias

Thaise Teixeira

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A proximidade dos feriados de outubro (dia 12) e novembro (dias 2 e 15) preocupa o Serviço Veterinário Oficial (SVO) da Secretaria da Agricultura (Seapi). A apreensão reside no natural aumento da população das cidades litorâneas nessas épocas frente à confirmação de um foco de gripe aviária em um leão-marinho encontrado na Praia do Cassino, no Litoral Sul do Estado. “O leão-marinho é simpático e sempre atrai um grande número de pessoas na beira da praia”, explica a diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal (DDA) da Secretaria da Agricultura (Seapi), Rosane Collares. O caso é o primeiro em mamíferos aquáticos no Brasil.

Uma reunião entre a Seapi, o Ministério da Agricultura, Famurs e todos os prefeitos do litoral gaúcho (Norte e Sul) deve traçar as primeiras ações preventivas e educativas para evitar o contato de leões-marinhos com a população, especialmente crianças. “Não sabemos onde eles (os animais doentes) vão conseguir chegar nem que praia vão parar. Devemos manter a atenção e a vigilância, pois o vírus deu um salto de uma espécie para outra”, destaca Rosane. Até ontem, o Brasil registrava 115 focos do H5N1: três aves de fundo de quintal e 112 de vida livre, sendo 111 aves e um mamífero marinho. 

A orientação do SVO é que as pessoas não mexam e nem se aproximem de animais mortos ou moribundos. “Todas as suspeitas – que incluem sinais respiratórios, neurológicos ou mortalidade alta e súbita – devem ser notificadas imediatamente à Seapi por meio da Inspetoria de Defesa Agropecuária mais próxima ou pelo Whatsapp (51) 98445-2033”, informa a Secretaria da Agricultura 

Desde o dia 30 de setembro, quando o SVO recebeu a primeira notificação suspeita da doença, oito exemplares de leões-marinhos-da-patagônia, também conhecidos como leões-marinhos-do-sul, já foram recolhidos, do mesmo local, com sintomatologia compatível com a da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP). Material de lobos-marinhos encontrados na Praia do Hermenegildo, em Santa Vitória do Palmar, também foram coletados e enviados para o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Campinas (LFDA-SP), referência da Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA). 

O caso de influenza aviária recentemente identificado no Estado não supreende as autoridades sanitárias. “Nós esperávamos por isso, não foi surpresa. Desde que a doença chegou na América do Sul”, afirma Rosane. A proximidade do RS com o Uruguai e a chegada da doença ao Estado, em maio deste ano, já foi, segundo ela, um sinal de que ela atingiria os mamíferos marinhos. “Foi a mesma coisa com o cisne-de-pescoço-preto (primeiro foco da doença no Uruguai e no RS) e, agora, com o leão-marinho. Estamos muito próximos do Uruguai, onde já morreram mais de 400 leões-marinhos”, compara.  Inclusive, próximo Punta del Este, temos uma ilha que é um ponto de reprodução de leões marinhos”, argumenta. 

 


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