Ação do Hospital Moinhos de Vento dá chance para as equipes irem além das funções do dia a dia

Ação do Hospital Moinhos de Vento dá chance para as equipes irem além das funções do dia a dia

Paciente Gessica Frank Pauli foi surpreendida com quarto decorado, mensagens, bolo e carinho em ação da campanha O que importa pra você?

Correio do Povo

Gessica Frank Pauli foi surpreendida com o quarto decorado, um bolo e uma cartinha com a mais recente ecografia com as imagens dos seus bebezinhos gêmeos

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Por trás de cada paciente, há uma história, um anseio, um sonho – algo maior do que aquilo que está sendo enfrentado. Quando Gessica Frank Pauli chegou para fazer mais um dia de diálise na unidade do Hospital Moinhos de Vento, recebeu uma cartinha das enfermeiras. Ao ser pega de surpresa, a emoção bateu forte. As lágrimas caíram ao ver que, junto da mensagem, havia fotos da mais recente ecografia: imagens dos seus bebezinhos gêmeos.

Ao conduzir Gessica pelos corredores, a enfermeira Karen Ferreira adiantava que a equipe tinha preparado uma surpresa. Ao chegar no quarto onde normalmente recebe a terapia, ele estava diferente: balões rosas e azuis amarrados com esmero, papelaria em forma de nuvem e mamadeiras coladas por todos os lados coloriam o ambiente. Para completar, o aconchego de um bolo feito pela equipe da Nutrição e uma cesta com fraldas e produtos que toda mamãe gosta de ganhar antes de dar à luz.

O carinho que Gessica ganhou neste dia faz parte das ações da campanha O que importa pra você? de junho (inspirada na campanha mundial What Matters to You?), iniciativa fomentada pelo o Hospital Moinhos que, de tempos em tempos, motiva as equipes a buscarem o que o paciente gosta, o que o emociona e o que o diverte. Dentro das possibilidades, a instituição promove algo especial, que pode ser uma boa música ou uma refeição mais elaborada. E em alguns casos, faz-se uma surpresa.

Para a enfermeira Karen, pensar nesses pequenos mimos para os pacientes é muito gratificante – especialmente uma paciente tão querida quanto Gessica. “Fiquei muito emocionada porque teve todo um trabalho para ter a presença da equipe de Enfermagem que a atende, além do médico responsável, naquele momento. Acabamos criando um vínculo grande pois a vemos várias vezes na semana e acompanhamos todas as novidades dos bebês”, contou a profissional.

Gessica Frank Pauli chegou para fazer a diálise no Hospital Moinhos de Vento e recebeu uma cartinha e mimos das enfermeiras do setor - Hospital Moinhos de Vento / Divulgação / CP

A história de Gessica

No início deste ano, Gessica perdeu as funções renais por completo, resultado da nefropatia por imunoglobulina A ou doença de Berger, patologia autoimune e com evolução crônica. Um dos primeiros pensamentos que teve foi que o sonho de ser mãe teria de ser adiado. “Eu estava há cinco meses sem menstruar por causa do comprometimento dos rins e já estava em tratamento há dois anos. Meu marido e eu já tínhamos começado a achar que eu não conseguiria engravidar”, relatou.

O nefrologista que cuida do caso da Gessica é o médico Milton Kalil. Ele explica que, além das funções de limpar as toxinas do sangue e baixar os níveis de ureia, os rins também são responsáveis pela produção hormonal, principalmente a eritropoetina, responsável pela produção dos glóbulos vermelhos. “Normalmente esses pacientes ficam anêmicos, com a ureia alta, e o organismo economiza energia. Uma das maneiras de fazer isso é interromper a menstruação”, elucidou o especialista do Hospital Moinhos.

Com o processo de diálise três vezes na semana, o corpo de Gessica iniciou a se recuperar e o ciclo menstrual foi retomado. Quando a paciente e a equipe começaram a pensar sobre o que seria melhor – engravidar na diálise ou aguardar a viabilidade do transplante –, veio a notícia. “A natureza resolveu por eles”, celebrou Kalil.

“A gente está vivendo praticamente um milagre. A gravidez de gêmeos foi uma grande surpresa", contou a futura mamãe, com a expectativa de quem aguarda a confirmação do sexo dos bebês. O médico explicou que a diálise será suficiente para que a gravidez transcorra bem. A diferença é que, em vez de a paciente fazer o processo três vezes na semana, o que seria o habitual, ela precisa receber o tratamento seis vezes na semana.

Apesar de lidar com cautela em relação a toda a situação, a esperança na voz de Gessica – que foi recomendada a aguardar seis meses após o parto para poder realizar o transplante, caso haja um doador – é contagiante.


Mesmo acostumado a tratar casos semelhantes, o nefrologista se sensibilizou ao ver a reação emocionada da paciente. “A gente se apega e fica preocupado. Foi uma forma de transmitirmos um pouco de carinho, porque ela merece”, resume Kalil.


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