Antes da greve, Sindisaúde-RS faz manifestação pelo piso da enfermagem em Porto Alegre

Antes da greve, Sindisaúde-RS faz manifestação pelo piso da enfermagem em Porto Alegre

Ato iniciou com falas dos presentes e seguiu com uma caminhada até a Santa Casa

Felipe Faleiro

Centenas de pessoas participaram do ato na manhã desta quarta-feira

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Profissionais da Enfermagem promoveram, na manhã desta quarta-feira, um protesto no Largo Glênio Peres, no Centro Histórico de Porto Alegre, seguido de uma caminhada até a entrada do complexo da Santa Casa de Misericórdia. O ato, no qual participaram centenas de pessoas com faixas, narizes de palhaço e palavras de ordem, reivindicou o pagamento do piso salarial da enfermagem, sancionado em agosto de 2022, porém ainda não pago à grande maioria dos profissionais.

O sindicato reforça que participa da greve nacional de 24 horas nos serviços relacionados, iniciando às 7h da sexta-feira e se estendendo até o dia seguinte. Segundo o presidente do Sindisaúde-RS, Júlio Jesien, mais de 1,3 mil trabalhadores se dispuseram a aderir à paralisação. “Imaginamos, portanto, que muitos locais poderão ter prejuízos. O pagamento do piso é importante porque, além de haver mais valores em circulação na economia local, terá a possibilidade da criação de novos postos de trabalho”, argumenta ele.

Os salários aprovados são de R$ 4.750 para enfermeiros, R$ 70% deste valor para técnicos em enfermagem, correspondente a 70% do valor anterior, e R$ 2.375 a parteiras e auxiliares de enfermagem, ou 50% do salário dos primeiros profissionais. O Sindisaúde-RS, que congrega por volta de 80 mil trabalhadores, deliberou a adesão à greve em assembleia com a participação de cerca de 400 pessoas, na última segunda-feira, na Capital.

O tema é delicado para os empregadores, porém o presidente do sindicato aponta que a greve não é direcionada diretamente a eles. “É, sim, ao governo federal, que não realiza o repasse dos recursos. A partir do repasse, a vida volta ao normal. Todo mundo será contemplado, o próprio empregador terá um trabalhador mais satisfeito, e com uma condição de vida melhor. Por ora, há uma falta de compreensão deles [empregadores]”, diz Jesien.

A questão do piso ultrapassa governos. O novo piso foi na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, e seu sucessor Lula sancionou projeto de lei que autoriza a distribuição de R$ 7,3 bilhões a Estados e municípios para financiar os pagamentos. Em seguida, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso cassou a liminar da iniciativa privada que suspendia o piso, porém, no caso dos locais públicos, determinou os salários dentro dos repasses já feitos pela União. 

Já para a rede privada, há a possibilidade de negociação coletiva e pagamento a partir do próximo dia 1º. Também está em julgamento no STF outra ação dos sindicatos patronais, avaliando se o piso deve ser pago de forma imediata em todo o país, dentro das mesmas regras, conforme já votaram Rosa Weber e Edson Fachin, ou será regionalizado, segundo votaram os ministros Dias Toffoli e Alexandre de Moraes. Já Barroso e Gilmar Mendes votaram pelo meio-termo, ou seja, o pagamento do piso ao cumprimento dos critérios de repasses da União e negociações da rede privada.


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