Apenas 62,1% dos municípios gaúchos atingiram a meta de vacinação contra a poliomielite

Apenas 62,1% dos municípios gaúchos atingiram a meta de vacinação contra a poliomielite

RS aplicou 410.908 doses do imunizante em crianças de 1 a 4 anos

Felipe Samuel

Em Porto Alegre, apenas 46% das crianças entre um e cinco anos foram vacinadas

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A Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite 2022 se encerra neste sábado no Rio Grande do Sul com baixa adesão da população. Com 410.908 doses aplicadas e 74,2% da cobertura vacinal entre crianças de 1 a menores de 5 anos, as autoridades de saúde alertam para a importância da imunização desse público para evitar a circulação endêmica no Estado. A vacinação ficou abaixo da meta de 95%, índice considerado ideal pelas autoridades de saúde.

Conforme o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), no RS o público total estimado é de 553.814 crianças. A chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Cevs, Juliana Patzer, afirma que a baixa adesão é motivo de preocupação. “Apenas 62,17% dos municípios gaúchos atingiram a meta de 95%. E isso não é uma boa notícia”, alerta. Ela explica que o último caso foi registrado em 1983, ou seja, quase 40 anos atrás. Segunda Juliana, Afeganistão e Paquistão já têm circulação endêmica de pólio, mas nos últimos meses outros países registraram casos da doença, como os EUA.

Juliana destaca que estudos da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) apontam que o Brasil é classificado como alto risco para a reintrodução da poliomielite. Entre os quesitos avaliados estão, entre outros, imunização e saneamento básico. “A meta mínima é de 95% de imunização. A cada ano que não se atinge a meta se criam bolsões suscetíveis, grupos de pessoas não protegidas para a entrada do vírus, o que permite que ele volte a circular. Aconteceu com sarampo mais recentemente, que era uma doença considerada eliminada, mas não tínhamos casos no RS há mais de dez anos”, afirma.

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Em Porto Alegre, com apenas 30.468 (46%) crianças entre um e cinco anos vacinadas contra a pólio, a situação preocupa autoridades de saúde. A diretora de Atenção Primária à Saúde da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Caroline Schirmer, avalia que a baixa adesão à dose de reforço do imunizante em todas as faixas etárias reflete a falta de consciência de pais que têm 30 anos de idade e desconhecem os perigos da doença e as consequências nas crianças.  

“Isso nos preocupa muito, porque a meta era 95% (da população estimada) para a gente ter uma segurança da cobertura contra a poliomielite. Mas a gente tem falado com os pais e explicado que essa vacina não é vacina do calendário. As crianças que estão com o calendário completo da mesma maneira precisam ir na unidade tomar a dose oral contra a poliomielite. É uma dose extra”, explica. O público total estimado para tomar o imunizante é de 66,3 mil crianças.

Carolina afirma que a adesão à vacinação já apresentava queda nos últimos anos. “É o ano que a gente teve uma menor adesão. Então a chance dessa reintrodução da poliomielite na população, e principalmente entre as crianças que têm uma sequela importante por conta da paralisia infantil, preocupa bastante. É uma vacina fácil de ser aplicada, é gotinha, é segura, não tem nenhuma efeito adverso e se ela não for realizada tem essa questão da reintrodução da paralisia infantil”, alerta.

No sábado, último dia da Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite 2022, a prefeitura vai instalar na Orla do Guaíba um posto de vacinação. “Vamos vacinar as crianças de um até cinco anos incompletos, mas a vacina vai continuar disponível nas unidades de saúde”, alerta. Ela explica que vacinação para crianças de dois a seis meses é injetável, enquanto a oral é a partir de 15 meses de idade. “Todas as vacinas que temos nas unidades são seguras, protegem o indivíduo e não causam nenhuma sequela, é justamente ao contrário ela protege”, salienta. 


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