Audiência pública discute impactos de cortes de recursos em hospital de Sapucaia do Sul

Audiência pública discute impactos de cortes de recursos em hospital de Sapucaia do Sul

Debate foi proposto pelo vereador Átila Andrade

Fernanda Bassôa

A intenção da audiência foi escutar a comunidade para cobrar e sensibilizar o Estado para que encontre uma alternativa que não seja a retirada de recursos

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O plenário da Câmara de Vereadores de Sapucaia do Sul ficou apertado diante da comunidade que esteve presente na Audiência Pública que discutiu os Impactos dos Cortes de Recursos do Programa Assistir no Hospital Getúlio Vargas, que acabam prejudicando aos atendimentos de saúde. O debate foi proposto pelo vereador sapucaiense Átila Andrade, sob coordenação do deputado estadual Adão Pretto, que integra a Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa. O governo municipal e a Fundação Hospitalar Getúlio Vargas não encaminharam representantes e nem se fizeram presentes no encontro.

“O Assistir, na minha opinião, é um programa que tem desassistido a população da Região Metropolitana. A pauta da saúde é uma área sensível que sempre precisa de investimentos. Entretanto, o Governo do Estado criou um programa que retira recursos de 56 hospitais de uma região onde se concentra a maior parte da população para encaminhar esta verba para o interior. A intenção da audiência é escutar a comunidade e cobrar o governo. Cobrar e sensibilizar o Governo do Estado para que encontre uma alternativa que não seja a retirada de recursos”, disse o deputado Pretto.

Da mesma forma, o vereador Átila, fez uma série de críticas aos serviços de saúde oferecidos pelo hospital diante da redução dos recursos repassados pelo Estado. Segundo ele, na semana passada o governo municipal repassou o montante de R$ 8 milhões ao Getúlio Vargas para quitar as dívidas em atraso.

“O Assistir está retirando R$ 570 mil todos os meses do hospital e até o mês de setembro serão R$ 25 milhões desde que o programa entrou em vigor. Faltam médicos no hospital e a ausência destes profissionais faz com que a população procure atendimento de saúde nas demais unidades do município, deixando os locais superlotados, como a UPA. Temos atraso de cirurgias eletivas, equipamento de Raio-x com problema, exames e laudos que demoram três, quatro meses para serem entregues aos pacientes provocando atraso em tratamentos de usuários. Só para cirurgia de catarata tem mais de 800 usuários na fila espera". Conforme Átila, a situação está insustentável e tem se agravado cada vez mais.

A representante do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Vale do Sinos (Sindisaúde VS), Cláudia Dorneles, lembrou que o Getúlio Vargas é uma instituição de portas abertas que recebe não apenas moradores de Sapucaia, mas de Esteio, São Leopoldo e demais cidades da região. “O Sindicato além de se preocupar com o trabalhador, que tem suas famílias para sustentar, também se preocupa com os munícipes. Os hospitais da região metropolitana estão desfalcados com esse corte de recursos”.

Moradora da cidade, a assistente social Luciane Moraes, relatou no final da audiência que ficou por horas aguardando atendimento no hospital juntamente com a mãe de 87 anos, além de se deparar com a falta de espaço, exames extraviados e perdidos. “O SUS é do cidadão. Nós pagamos por este serviço que é de todos. A saúde tem que ser tratada com prioridade”.

A Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que anualmente são repassados R$ 19.522.383,45 para o Hospital Getúlio Vargas. A SES esclarece ainda que o Governo do Estado habilitou neste mês de março 41 novos ambulatórios de especialidades em oito hospitais da Região Metropolitana, entre eles, o Hospital Getúlio Vargas, em Sapucaia do Sul, contemplado com 13 ambulatórios, todos financiados pelo Programa Assistir.

As inclusões foram possíveis, segundo a SES, após a ampliação dos repasses do Programa de Incentivos Hospitalares (Assistir) em 2024. São cerca de R$ 81 milhões a mais aplicados nessas entidades pelo Estado para o fomento a ações e serviços contratualizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Isso representa um incremento de 110% sobre o valor anual anterior. Entre as especialidades agora disponíveis no Getúlio Vargas estão reumatologia, oftalmologia, ginecologia e traumatologia, áreas com bastante demanda entre os usuários do SUS.

Nota da Fundação Hospitalar Getúlio Vargas

O Hospital Getúlio Vargas, de Sapucaia do Sul, é administrado pela Fundação Hospitalar Getúlio Vargas (FHGV). Em nota, a entidade se manifestou sobre a audiência:

“A Fundação Hospitalar Getúlio Vargas informa que deixou de receber R$ 13,8 milhões, em pouco mais de um ano, com a redução dos repasses do governo gaúcho por conta do programa Assistir. Destaca que em nenhum momento cortou serviços ou prejudicou a assistência à saude da população.
Ainda assim, segue em constantes tratativas com a Secretaria Estadual de Saúde para recompor, ao menos em parte, as perdas. Também em decorrência disso, trabalha para aumentar o número de leitos e consequente financiamento, além de cadastro de novos serviços junto ao Estado e ao Ministério da Saúde.
Sobre a audiência pública realizada no dia 25, a FHGV ressalta que é bem-vindo todo e qualquer auxílio no intuito de encontrar soluções para o impasse. E a instituição não se fez presente porque no mesmo horário participava de evento de caráter mundial, que destacou o município como Cidade Angels pelos excelentes serviços no tratamento do AVC."


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