Cidades do RS com mais casos de dengue pedem ao Ministério da Saúde para rever critérios de envio da vacina

Cidades do RS com mais casos de dengue pedem ao Ministério da Saúde para rever critérios de envio da vacina

Prefeitos e presidente de fundação de saúde criticaram a escolha das seis cidades que receberão doses. Em Canoas, hospital de campanha começou a atender neste sábado

Rodrigo Thiel

Em Canoas, prefeitura montou um hospital de campanha para atender pessoas com sintomas de dengue

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A definição das cidades que receberão 126,1 mil doses do imunizante contra a dengue segue causando polêmica entre as lideranças políticas municipais do Rio Grande do Sul. Isto porque os seis municípios que receberão não estão no topo das cidades com mais casos de dengue confirmados no estado em 2024.

Atualmente, conforme o painel de acompanhamento da Secretaria Estadual da Saúde (SES), Santa Rosa em primeiro, São Leopoldo em segundo e Novo Hamburgo em terceiro estão no topo do ranqueamento de casos confirmados da doença. São Leopoldo ainda é a cidade com o maior número de mortes registradas pela pasta no ano, com 15 óbitos.

Fora das duas cidades do Vale do Sinos, Canoas é o município da região Metropolitana com mais casos, com 2.141 confirmações, aparecendo em nono lugar no ranqueamento. A situação crítica fez a Prefeitura montar um hospital de campanha em frente a Unidade de Pronto Atendimento do Boqueirão para receber pessoas com sintomas de dengue.

Os atendimentos iniciaram neste sábado e, apenas nas primeiras duas horas, mais de 300 pessoas já haviam passado pelo local. O atual prefeito de Canoas, Jairo Jorge, afirmou que o município enviou um ofício ao Ministério da Saúde solicitando a revisão dos critérios de definição das cidades que receberão doses da vacina.

“Exigimos uma explicação do Ministério da Saúde sobre os critérios escolhidos. Como Canoas, que está em situação muito mais grave que a da região contemplada com as vacinas, não recebeu as doses. A prioridade para definição dos municípios que recebem as vacinas deve ser o número de casos confirmados e os óbitos”, ressaltou.

Santa Rosa, a cidade com maior número de casos confirmados, não possui uma Secretaria Municipal da Saúde, mas sim uma fundação que gerencia a área, a Fundação Municipal de Saúde de Santa Rosa (Fumssar). O presidente, Délcio Stefan, destacou que foi realizada uma reunião com outros secretários municipais de Saúde do RS e com a SES para pedir mais vacinas. “Fomos pegos de surpresa pela forma de distribuição das vacinas, principalmente por não considerar os municípios com mais casos. Foi definido um encaminhamento conjunto de ofício ao Ministério de Saúde, pedindo os critérios de distribuição e o fornecimento de mais vacinas”, comunicou.

Em São Leopoldo, o prefeito Ary Vanazzi salientou que esteve em Brasília e protocolou um pedido de vacinação para toda a população gaúcha. “Achei estranho esse anúncio da vacinação sem incluir a nossa população, diante dos números graves que temos da dengue na cidade. Já estamos encaminhando um pedido ao ministério para incluir São Leopoldo na próxima etapa”, pontuou.

O mesmo pedido ocorreu em Novo Hamburgo, onde a prefeita Fátima Daudt afirmou que não é possível identificar os critérios claros da definição do ministério, considerando a definição como “questionável”. “Faz mais sentido disponibilizar a vacina onde ela é mais necessária, ou seja, onde há registro de mais casos e óbitos e, portanto, onde poderá salvar mais vidas. O Ministério da Saúde precisa urgentemente reavaliar seus critérios de distribuição das doses”, enfatizou.

Ministério da Saúde esclarece os critérios utilizados

Procurado, o Ministério da Saúde informou em nota que as doses foram distribuídas seguindo um ranqueamento estabelecido com base em critérios específicos. Entre eles, a pasta cita os municípios considerados de grande porte (com população maior ou igual a 100 mil habitantes) e com alta transmissão de dengue nos últimos 10 anos, incluindo as demais cidades das suas regiões de saúde de abrangência “independentemente do porte populacional”, ordenados pela predominância do sorotipo DENV-2 (reemergência recente). “Ademais, o Ministério da Saúde tem adotado medidas para adquirir novas vacinas do laboratório produtor, que ficam condicionadas à possibilidade de produção, o que permitirá expandir a vacinação contra a dengue no país”, completou a nota.

No RS, as seis cidades escolhidas foram Porto Alegre, que receberá 72.898, Viamão, com 14.982, Alvorada, com 12.985, Gravataí, que receberá 16.425 doses, Cachoeirinha, 8.379 e Glorinha, com 463 doses. Nesta segunda-feira, será realizada uma reunião entre as equipes do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde e de técnicos do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) para definir detalhes da remessa dos imunizantes e das estratégias de vacinação.


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