Com aumento de casos de Covid-19 e Influenza, especialistas reforçam importância da vacinação

Com aumento de casos de Covid-19 e Influenza, especialistas reforçam importância da vacinação

Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) alerta para o crescimento das infecções por síndromes respiratórias

Felipe Samuel

Faixa etária e demais grupos contemplados foram imunizados em 12 pontos de saúde e farmácias credenciadas nesta segunda-feira

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Uma semana após a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) chamar a atenção para o crescimento das infecções por Covid-19, Influenza Sazonal e Vírus Sincicial Respiratório (VSR) na região, especialistas voltam a alertar para a importância do uso de máscaras em locais fechados e a necessidade de a população concluir o esquema vacinal. A entidade reforça que o aumento de duas ou três infecções respiratórias exige ações efetivas dos governos para evitar a disseminação dessas doenças. E destaca que os casos de Covid-19 na região, em uma semana, apresentaram alta de 17%.

O epidemiologista Paulo Petry concorda com o alerta da Opas de que a população vive uma tripla ameaça. “Infelizmente é verdade. Percebemos que há um aumento da contaminação pelo vírus da Covid-19, que tem duas subvariantes, a BQ.1 e a XXB, que são linhagens da Ômicrom, mas que estão retomando a um alto grau de contaminação. Paralelamente a isso, também há um aumento dos casos da Influenza Sazonal, um aumento do Vírus Sincicial Respiratório. E isso preocupa”, ressalta. “A gente deveria por exemplo retomar o uso de máscara em ambientes fechados”, completa.

Professor de Epidemiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Petry avalia que a prefeitura de Porto Alegre e o governo do Estado estão demorando a adotar outras medidas. Ele explica que à medida que os vírus permanecem em circulação por tanto tempo é natural que haja mutações, com o surgimento de variantes e subvariantes. “O aumento de casos se reflete em função da baixa cobertura vacinal. Então o que a gente pode trazer como alerta é retomar alguns cuidados, sendo que o principal deles é complementação do ciclo vacinal. Existem no Brasil muitas pessoas sem a segunda dose, as doses de reforço ou a terceira e a quarta doses”, observa.

O especialista destaca a importância da aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o uso de duas vacinas atualizadas contra a Covid-19 para aplicação de doses de reforço. “É um imunizante que chamamos de bivalente, é uma vacina atualizada para essas novas subvariantes. É necessário que o governo se agilize para que a gente compre essas vacinas mais atualizadas, mais modernas, que dão uma cobertura maior. E aquelas pessoas que não completaram o esquema vacinal que o façam rapidamente”, completa.

Conforme a Anvisa, as vacinas bivalentes oferecem proteção contra mais de uma cepa de um vírus: a Bivalente BA1 (protege contra a variante original e também contra a variante Ômicron BA1) e a Bivalente BA4/BA5 (protege contra a variante original e também contra a variante Ômicron BA4/BA5). Petry ressalta a aprovação pela entidade do Paxlovid, utilizado no tratamento da Covid-19. “É um medicamento que as farmácias e o SUS vão poder disponibilizar para tratamento de pessoas que correm o risco de agravar para a Covid-19”, salienta.

Na avaliação do gerente de Risco do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Ricardo Kuchenbecker, a baixa cobertura vacinal aliada à falta de testes formam a 'tempestade perfeita'. “Isso preocupa porque não fizemos o tema de casa no que diz respeito à Covid-19. No RS tem cerca de 3 milhões com esquema vacinal incompleto da Covid-19. A ausência dessa cobertura vacinal propicia que essa tríplice ameaça se configure”, adverte. Kuchenbecker explica que esse cenário dificulta uma resposta efetiva no combate a essas doenças. “Em termos de saúde pública, temos que buscar a melhor taxa de cobertura vacinal para Influenza e Covid-19”, sustenta.

O epidemiologista afirma que, em geral, não há monitoramento amplo das cepas de Influenza no Brasil. “Na ausência de uma sistemática de monitoramento, fica difícil estabelecer com clareza as cepas de Influenza, o que aumenta os riscos dos níveis epidêmicos das três doenças”, reforça, ressaltando que o Rio Grande do Sul conta com esse tipo de monitoramento. Conforme Kuchenbecker, por serem clinicamente indistinguíveis, o diagnótisco sem testagem se torna um desafio. “A prioridade em escala mundial foi vacinar contra a Covid-19. Não se sabe se a cobertura para Influenza foi a que deveria ser”, frisa.

Ao avaliar o alerta da Opas, o secretário municipal de Saúde, Mauro Sparta reforça a importância da vacinação. “Vamos continuar sugerindo que as pessoas façam a vacinação não só para Covid-19, mas também para Influenza”, resume. Ele também apela para importância da vacinação contra a poliomielite. “É muito importante que as famílias olhem a carteira vacinal da criança e vacine contra a poliomielite. Não podemos deixar essa doença entrar em Porto Alegre”, frisa. De acordo com a Opas, um crescimento fora de época dos casos de Influenza Sazonal se observa na Argentina e no Uruguai. As infecções por VSR também aumentaram, sobrecarregando os sistemas de saúde no Canadá, México, Brasil, Uruguai e Estados Unidos.

 

 


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