Em greve, trabalhadores do Hospital Padre Jeremias mantêm 30% dos atendimentos de saúde

Em greve, trabalhadores do Hospital Padre Jeremias mantêm 30% dos atendimentos de saúde

Em Alvorada, Associação Beneficente João Paulo II assumiu serviços de saúde nesta segunda-feira em substituição à Fundação Universitária de Cardiologia

Fernanda Bassôa

Uma nova mediação está marcada para a próxima quinta-feira, às 14 horas, no Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, na capital

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Trabalhadores que atuam no hospital Padre Jeremias, em Cachoeirinha, amanheceram nesta segunda-feira de braços cruzados em frente à instituição de saúde. Apenas 30% dos atendimentos estão sendo mantidos. O motivo da greve é a troca de gestão, marcada para o próximo dia 8 de abril, e o desligamento dos funcionários sem a sinalização da quitação das verbas rescisórias que deveriam ser pagas pela Fundação Universitária de Cardiologia, atualmente em recuperação judicial.

De acordo com o tesoureiro do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado (Sindisaúde-RS), Arlindo Ritter, estão mantidos apenas os casos de urgência e emergência. “Atendimentos somente de casos mais graves. Pacientes que chegam para buscar atendimento com sintomas leves são orientados a procurar por serviços nas unidades de saúde mais próximas de casa.” Segundo Ritter, a paralisação dos serviços para é uma forma de pressionar o atual gestor a garantir o pagamento de verbas rescisórias de ao menos 400 profissionais.

Em Alvorada a situação é um pouco diferente, pois o contrato do Estado com a Fundação Universitária de Cardiologia encerrou no dia 31 de março, motivando o desligamento de todos os contratados. Nesta segunda-feira os serviços de saúde foram assumidos pela Associação Beneficente João Paulo II, que deu entrada no hospital com equipe própria. O presidente do Sindisaúde-RS, Júlio Jesien, disse que até semana passada havia 35 profissionais da saúde atuando no hospital, destes 22 eram da área da enfermagem.

“Todos foram desligados na quinta-feira, mas a nossa orientação era de que eles cumprissem os atendimentos até o último minuto, visando dar assistência à população. Nesta segunda-feira havia apenas um enfermeiro e seis técnicos para realizar os atendimentos. Ou seja, a nova gestão assumiu de forma precária. Casos leves, considerados verde e azul, não estão sendo atendidos. Apenas aqueles com alerta laranja e vermelho”, disse Jesien.

Desligada do hospital de Alvorada, a técnica de enfermagem que não quis se identificar, conta que está desesperada por não saber quando vai receber pelo tempo em que trabalhou no local. “Isso é um desrespeito com o profissional da saúde que se doa diariamente zelando pela saúde do outro. Temos um compromisso com a vida e quem se compromete conosco, com a nossa família? Precisamos de uma resposta digna e do que é nosso por direito.”

Ainda, de acordo com o presidente do Sindicato, existe a preocupação com outros 200 trabalhadores do Hospital de Viamão diante do fechamento de dois serviços importantes. “Precisamos de uma solução. Queremos a Secretaria Estadual da Saúde construa uma alternativa viável para todos os trabalhadores. A situação está crítica.” Uma nova mediação está marcada para a próxima quinta-feira, às 14 horas, no Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4).

Fundação Universitária de Cardiologia informou que os sindicatos decretaram estado de greve e se comprometeram a manter os quantitativos para o atendimento dos pacientes internados e as situações de urgência e emergência. Por enquanto, esse compromisso dos sindicatos está sendo cumprido. A Secretaria Estadual da Saúde (SES) esclarece que qualquer negociação ocorre entre a gestão da instituição hospitalar e sindicato, com quem existe vínculo dos profissionais. A direção da Associação Beneficente João Paulo II não foi localizada para comentar sobre o assunto.


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