Entenda as dificuldades envolvendo o diagnóstico de febre maculosa

Entenda as dificuldades envolvendo o diagnóstico de febre maculosa

Doença é transmitida pelo carrapato-estrela e pode ser silenciosa

Lucas Eliel

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Diagnosticar um problema de saúde é parte essencial de como combatê-lo, pois sabendo qual é a enfermidade, os médicos se unem adequadamente das ferramentas capazes de retomar o estado natural dos pacientes. Este processo tem sido especialmente difícil envolvendo a febre maculosa, pois a doença possui sintomas semelhantes com outras complicações. Ela é transmitida por um aracnídeo bem pequeno (carrapato-estrela), e as pessoas adoecidas e especialistas podem ficar confusos sobre qual contratempo realmente está se enfrentando.

Conforme dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde, a febre maculosa registrou 190 casos no Brasil em 2022, com 70 mortes, configurando uma taxa de letalidade alta. Este ano, até a publicação desta matéria, há 53 pessoas que contraíram a doença no país, oito delas vindo a óbito no território brasileiro. 

Não é todo carrapato-estrela que transmite a febre maculosa. Ele carrega a doença quando é infectado pela bactéria do gênero Rickettsia (Rickettsia rickettsii). Mesmo possuindo o agente bactericida, o animal só pode infectar o ser humano se entra em contato com o sangue por três a quatro horas no mínimo, conforme o infectologista do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), André Luiz Machado. 

Os sintomas da febre maculosa incluem: 

• Febre;
• Dor de cabeça intensa;
• Náuseas e vômitos;
• Diarreia e dor abdominal;
• Dor muscular constante;
• Inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés;
• Gangrena nos dedos e orelhas;
• Paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões causando paragem respiratória.

Por ter sintomas conhecidos, a febre maculosa pode ser confundida com outras doenças, e o atendimento pode acabar não sanando as necessidades dos pacientes, uma combinação verdadeiramente fatal. "A letalidade está diretamente relacionada ao tempo em que o (a) médico (a) lembra que os fatores envolvendo a pessoa doente estão atrelados à febre maculosa", aponta Machado. 

Tempo de incubação 

O tempo de incubação dificulta ainda mais os quadros de febre maculosa. A tendência é de as pessoas não apresentarem os sintomas imediatamente após terem se infectado. Os sinais da complicação podem surgir no corpo após cinco a 15 dias, e quanto maior for o período ativo da enfermidade, menores serão as chances dos pacientes saírem com vida. "Lá pelo quarto, quinto dia, começam a surgir pequenas manchas avermelhadas no corpo, que são as máculas. Por isso a doença se chama febre maculosa. E estas máculas estão relacionadas à lesão da parede do vaso provocada pela bactéria", explica o infectologista. 

Diferentemente da Covid-19, a febre maculosa não está atrelada a comorbidades. Isto é, uma pessoa diabética, por exemplo, não terá maiores ou menores chances de apresentar estágios piores da doença, ou seja, a questão chave é mesmo o tempo de diagnóstico. Não há vacina contra a enfermidade, e a saúde vai sendo tratada com antibióticos receitados pelo médico. 

Há duas condições, no entanto, que atrapalham a identificação de pessoas com febre maculosa. Uma delas é em relação à idade. "Os idosos, às vezes, não apresentam uma alteração tão característica das máculas. Por terem já uma fragilidade vascular, eles têm algumas máculas e isso se confunde um pouco", destaca o médico. A outra é em relação à cor: quanto mais escura for a pele, menos as máculas serão visíveis. 

Um fato importante sobre a febre maculosa é que ela não se transmite de pessoa para pessoa. O principal hospedeiro do carrapato-estrela é a capivara, mas ela não contrai a doença, portanto, o especialista deixa bem claro que não se deve atacar estes animais e nenhum outro em razão da doença. "É importante apontar que outros animais como equinos, bovinos e até mesmo cães e gatos podem carregar o carrapato infectado pela bactéria, apesar de não ser comum", ressalta. 

Questão geográfica e cuidados 

A questão geográfica é determinante na febre maculosa. O carrapato-estrela está mais presente no Sudeste e em áreas mais rurais. A partir disso, uma pessoa residente em centros urbanos tem menos chances de contrair a doença. Os cuidados para se prevenir da doença são: 

• Usar roupas claras para ajudar a identificar o carrapato, uma vez que ele é escuro;
• Utilizar calças, botas e blusas com mangas compridas ao caminhar em áreas arborizadas e gramadas;
• Evitar andar em locais de grama ou vegetação alta.
• Fazer repelentes de insetos;
• Verificar se você e seus animais de estimação têm carrapatos;
• Se encontrar um carrapato aderido ao corpo, ele deve ser removido com uma pinça; 
• Não apertar ou esmagar o carrapato, mas puxar com cuidado e firmeza. Depois de remover o animal inteiro, o indicado é lavar a área da mordida com álcool ou sabão e água.


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