Especialistas apresentam inovações tecnológicas em neurocirurgia em Porto Alegre

Especialistas apresentam inovações tecnológicas em neurocirurgia em Porto Alegre

Tratamento da doença de Parkinson e cirurgia fetal estão entre os temas tratados no encontro

Felipe Samuel

Objetivo do encontro é apresentar recursos em neurocirurgia oferecidos no Moinhos de Vento

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Com o tema “Novas Tecnologias em Neurologia e Neurocirurgia: Precisão é o Estado da Arte”, especialistas do Hospital Moinhos de Vento e convidados apresentaram nesta terça-feira os novos avanços tecnológicos promovidos recentemente pela instituição, como a primeira neurocirurgia robótica da América Latina e a primeira robótica de crânio do Brasil. Chefe do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento, Sheila Martins explica que o objetivo do encontro é apresentar recursos em neurocirurgia para tratar pacientes de doenças que antes não tinham soluções.

O uso de equipamentos de ponta é um dos destaques do encontro. “Conseguimos acessar os alvos mais fáceis numa área tão delicada quanto a neurocirurgia”, afirma, destacando os avanços para o tratamento da doença de Parkinson. “É uma doença que pode ser incapacitante e a cirurgia pode reduzir ou deixar completamente o paciente sem sintomas, retornando a qualidade de vida com equipamentos de precisão e com o pessoal treinado”, frisa. Ela cita ainda a cirurgia de epilepsia, capaz de melhorar vida das crianças e zerar o número de crises, e a cirurgia fetal, que permite tratar ainda intrautero complicações que podem trazer grave sequelas neurológicas para as crianças

Neurocirurgião pediátrico, Jorge Wladimir Junqueira Bizzi apresentou os avanços da cirurgia fetal e o tratamento dentro do útero de uma doença chamada mielomeningocele, que é um defeito de fechamento da medula. Conforme Bizzi, crianças com essa malformação nascem com problemas nas pernas, com dificuldade para mexer e alteração do controle do xixi e do cocô. Após a intervenção cirúrgica, muitas dessas alterações melhoram ou até revertem. Bizzi explica que o ideal é realizar a cirurgia intrauterina até 26 semanas de gestação.

O especialista reforça que casos de malfomação do sistema nervoso são frequentes. “É uma cirurgia bem delicada, a gente tem que expor o útero. Envolve uma equipe muito grande de ginecologistas, obstetras, medicina fetal, neonatologia, neurocirurgia, anestesia. Então colocamos o útero para fora, abrimos o útero, expomos o defeito, fazemos a correção do defeito, fechamos o útero, colocamos o útero de volta e esperamos o neném nascer a partir de 37 semanas, quando ele já está bem formado”, observa.

Segundo Bizzi, no Brasil, são registrados de um a dois casos a cada 10.000 nascimentos vivos, o que é considerado bastante alto. “É uma doença que tem uma certa prevenção. Usando ácido fólico antes diminui bastante o risco de ter essa malformação, mas mesmo assim a gente ainda tem muita gravidez não planejada e tem muitas crianças que tem essa má formação”, alerta. Com a cirurgia intrauterina, diminui a possilbilidade dessa criança ter outras complicações. “Melhora a chance de ela andar, porque muitas dessas crianças não conseguem andar, vão viver em cadeira de rodas para o resto da vida. É uma cirurgia que, bem indicada e fazendo um boas condições, as chances de sucesso é bem elevado e vale a pena”, completa.


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