Fase final de testes de vacina contra a dengue segue em Porto Alegre e Pelotas

Fase final de testes de vacina contra a dengue segue em Porto Alegre e Pelotas

No Hospital Escola da UFPel e Hospital São Lucas da PUCRS, cerca de 700 voluntários são selecionados para participar do estudo

Felipe Faleiro

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Dois centros de pesquisa no Rio Grande do Sul estão na fase final de testes para uma vacina tetravalente contra a dengue, ou seja, que potencialmente imuniza contra os quatro tipos de vírus da doença. São eles o Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE UFPel) e o Hospital São Lucas da PUCRS, em Porto Alegre. Há a expectativa de recrutar 700 voluntários, 350 em cada local, e ainda é possível participar. O imunizante é desenvolvido pelo Instituto Butantan, e os pacientes serão acompanhados por um ano, para verificação da eficácia da vacina.

“Somente depois deste período é que poderemos analisar estes dados e sabermos se o paciente em questão recebeu o imunizante ou placebo”, explica a enfermeira e coordenadora do Projeto da Dengue do Hospital São Lucas da PUCRS, Larissa Sanches. A unidade de saúde na Capital iniciou o estudo em 2016, e a expectativa é que ela seja eventualmente aprovada e incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS) até 2024, reduzindo os impactos desta arbovirose. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), cerca de 500 milhões de pessoas nas Américas e metade da população global está em risco de contágio.

O ingresso do hospital nesta fase final ocorreu no último dia 4 de novembro, mas o recrutamento iniciou antes, em junho. Sua importância é proporcional à situação epidemiológica vivida recentemente no Rio Grande do Sul. Até o dia de hoje, o Estado havia confirmado 66,3 mil casos de dengue, com 66 mortes. Em relação aos municípios infestados, o número alcançado foi de 453, ou 91% do total estadual. Somente no primeiro semestre deste ano, o RS teve quase o triplo de casos de dengue em relação ao mesmo período de 2021. 

A semana 15 de 2022, na metade de abril, registrou sozinha 7.388 casos no Rio Grande do Sul, quase seis vezes mais do que o período similar no ano anterior. Foi o recorde semanal no Estado, conforme o painel de monitoramento da Secretaria Estadual de Saúde (SES). Em Porto Alegre, que confirmou mais de 5,5 mil casos em 2022 até o momento, a situação está controlada, com o Índice Médio de Fêmeas de Aedes aegypti (IMFA), ou seja, a relação entre o número de fêmeas coletadas e a quantidade de armadilhas vistoriadas, em 0,07. Até 0,15, o nível é considerado satisfatório.

De acordo com Larissa, a lista inicial de interessados no São Lucas tinha 1,3 mil pessoas, porém, até hoje, havia 150 participantes recrutados e já vacinados, representando, portanto, menos da metade do esperado. A significativa redução no número de testados, segundo ela, decorre de desistências, falta de interesse e até mesmo esquecimento. Até 31 de janeiro de 2023, quando os testes encerram, espera-se que a meta seja alcançada, porém, com a Copa do Mundo e as festividades de final de ano, a coordenadora afirma que as vacinações devem se manter baixas.

Entre os voluntários atuais está Tasiana Simonetti, coordenadora de pesquisa clínica do Centro de Oncologia do Hospital São Lucas. Ela conta que trabalhava com os colegas da Infectologia no período das pesquisas de outra vacina, contra a Covid-19, e soube por meio deles e da mídia a respeito dos testes para o imunizante da arbovirose. “Me sinto muito feliz de participar e ajudar neste grande avanço para doenças negligenciadas, como a dengue. Estas que são mais presentes nos países subdesenvolvidos não têm tanta atenção quanto as demais”, relata Tasiana.

Embora os atuais índices de proliferação do mosquito transmissor sigam baixos no Estado, a sequência de dias quentes acende novamente o alerta das autoridades. “Tivemos um ano muito atípico em 2022, com a confirmação de muitos casos. A aproximação do verão é bastante preocupante, e as medidas de controle do Aedes aegypti têm de ser mantidas durante todo o ano. A população também precisa fazer sua parte, eliminando criadouros dentro de suas casas, pátios, vasos de flores e garrafas. É a principal medida a ser tomada”, afirma a especialista em saúde responsável pelo programa das Arboviroses da SES, Catia Favreto.

Como participar dos testes

Mais informações sobre o recrutamento para o estudo da vacina contra a dengue no Hospital São Lucas da PUCRS estão disponíveis neste link.


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