Febre do Oropouche: SC confirma primeiros casos da doença com sintomas semelhantes à dengue

Febre do Oropouche: SC confirma primeiros casos da doença com sintomas semelhantes à dengue

Principais sintomas são dor de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, náusea e diarreia

Brenda Fernández

Há dois tipos de testes podem identificar a infecção

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A Secretaria de Estado da Saúde e a Secretaria Municipal de Saúde de Botuverá, no Médio Vale do Itajaí, confirmaram, nesta sexta-feira (26), os três primeiros casos de Febre de Oropouche no município.

Os casos apresentaram sintomas entre os dias 10 e 15 de abril, com quadro semelhante à infecção por dengue. Após a coleta de amostras que mostraram não se tratar de dengue, foram encaminhadas amostras para diagnóstico de oropouche. As pessoas têm entre 18 e 40 anos e não há histórico de deslocamento para fora do Estado.

As secretarias de Saúde afirmaram que acompanham a situação conforme orientação do Ministério da Saúde nestas situações, afirmaram em nota. As pastas vão desenvolver uma série de ações complementares no local, como sistematizar as informações dos casos suspeitos e confirmados (deslocamentos, sintomas, quadro clínico etc), coleta de vetores para levantamento entomológico e encaminhamento de amostras de outros pacientes para testagem pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Santa Catarina, com o objetivo de fortalecer a vigilância da doença.

Também há casos da doença em outros estados, como Rio de Janeiro, Acre e Paraná, ainda neste ano. Em fevereiro, uma equipe do Ministério da Saúde foi enviada ao Acre para revisar casos contabilizados como dengue, mas que, na verdade, seriam de febre Oropouche. No início de janeiro, o estado chegou a declarar emergência em saúde pública em razão de uma explosão de casos de dengue.

O que é a Febre Oropouche?

A Febre Oropouche é causada pelo Orthobunyavirus oropoucheense (Orov). O vírus foi isolado pela primeira vez no Brasil em 1960. Desde então, é detectado principalmente nos estados da região amazônica. O vírus é transmitido por mosquitos e pode circular em ambientes silvestres e urbanos.

No ciclo silvestre, animais como bichos-preguiça e macacos são infectados. Já no ciclo urbano, os seres humanos são os mais infectados. O mosquito Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, é apontado como principal transmissor da febre oropouche tanto nas áreas silvestres como nas áreas urbanas.

Nas áreas urbanas, o mosquito Culex quinquefasciatus, popularmente chamado de pernilongo ou muriçoca, também pode transmitir o vírus ocasionalmente.

Como é feito o diagnóstico?

De acordo com a virologista Ana Maria Bispo de Filippis, chefe substituta do Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágicos do IOC/Fiocruz, dois tipos de testes podem identificar a infecção. Durante a fase aguda da doença, que dura de dois a sete dias após o começo dos sintomas, é possível detectar o material genético do vírus Oropouche em amostras de soro dos pacientes por meio da técnica de RT-PCR. A partir do quinto dia após o início dos sintomas, os pacientes começam a apresentar anticorpos contra o vírus Oropouche no sangue, que podem ser identificados por testes sorológicos.

“Neste caso, a amostra já não era de fase aguda, por isso o genoma do vírus não foi detectado pelo teste de PCR. Porém, a sorologia confirmou a infecção recente pelo vírus Oropouche”, afirmou Ana Bispo.

Sintomas

Os sintomas, muito parecidos com os da dengue, duram entre dois e sete dias e incluem febre de início súbito, dor de cabeça intensa, dor nas costas e na lombar e dor articular. Também pode haver tosse, tontura, dor atrás dos olhos, erupções cutâneas, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos.


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