Fiocruz alerta para riscos do uso indiscriminado e não-médico do analgésico fentanil

Fiocruz alerta para riscos do uso indiscriminado e não-médico do analgésico fentanil

Primeira apreensão da substância no país ocorreu em março, no Espírito Santo

Correio do Povo e R7

Mais de 70 mil pessoas morreram por causa da substância em 2022 nos Estados Unidos

publicidade

O uso de crescente de fentanil no país preocupa especialistas. Uma análise realizada pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) em parceria com o Centro de Epidemiologia e Política de Opioides da NYU (Universidade de Nova Iorque) Grossman School of Medicine apontou os riscos e desafios enfrentados pelo Brasil devido ao uso crescente de fentanil de forma não-médica e indiscriminada

O comentário foi publicado nesta terça-feira, 9, na versão online da revista The Lancet Regional Health - Americas. A data coincide com o Dia Nacional de Conscientização sobre o Fentanil, promovida nos Estados Unidos, onde, anualmente, são estimadas 70 mil mortes por overdose e uso indevido da droga analgésica, que causa rápida dependência química. 

O alerta nacional sobre o uso ilícito de fentanil veio após a primeira apreensão do analgésico, ocorrida no Espírito Santo, em março deste ano, o que despertou vigilância e tomada de ações estratégicas para controle e prevenção da circulação e utilização da droga no país. Segundo o artigo, o Brasil pode tomar nota dos acontecimentos dos Estados Unidos, além adotar medidas, via órgãos de regulação e autoridades para o controle de utilização da substância.

O doutor em Saúde Pública Inácio Bastos, autor do artigo ligado à Fiocruz, alega que o sistema brasileiro vem agindo corretamente, e ressalta a importância no foco às ações ligadas ao controle de demanda do fentanil.  Ainda, são necessários melhorar a melhorar a vigilância do fentanil médico e de outros opioides, de modo a evitar desvio e uso indevido das medicações, especialmente em ambientes ambulatoriais; investimento em vigilância e pesquisas para entender padrões de mudança da utilização e abuso de substâncias pela população; integração de apreensões com análises toxicológicas criteriosas; e adoçãom de protocolos de tratamento e conscientização dos profissionais de saúde que atendem em emergências públicas e privadas.

Investimento em vigilância e pesquisa contínuas para entender os padrões de mudança de uso e abuso de substâncias na população brasileira e, também, integração das apreensões com análises toxicológicas criteriosas são algumas das ações e medidas recomendadas pelos especialistas. Segundo eles, é fundamental melhorar a vigilância do fentanil médico e de outros opioides, evitando potencial desvio e uso indevido, especialmente em ambientes ambulatoriais.

O pesquisador da Fiocruz ressalta ainda a importância da adoção de protocolos de tratamento e conscientização dos profissionais de saúde que atendem na porta de entrada - emergências - dos setores público e privado. No entanto, os autores ressaltam que, apesar dos alertas e ações necessários, não há motivos para pânico.

"Até agora, a ameaça emergente de uma potencial crise de saúde pública impulsionada pela disseminação do fentanil foi basicamente tratada por uma mídia proativa, poucos grupos de pesquisa e as respostas imediatas da Anvisa. Um compromisso da sociedade civil, da comunidade científica e do governo em todos os níveis é extremamente necessário", afirmam Francisco Inácio Bastos e Noa Krawczyk. 


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895