Focada em saúde mental e valorização da vida, ação Vida sobre Trilhos, ocorre na Trensurb

Focada em saúde mental e valorização da vida, ação Vida sobre Trilhos, ocorre na Trensurb

Mensagens motivacionais foram distribuídas aos usuários

Correio do Povo

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Mais uma edição da ação Vida sobre Trilhos, do projeto Help, focada em saúde mental e valorização da vida, foi realizada na Trensurb. Desta vez, os voluntários da iniciativa estiveram entre 10h e 12h de sábado passado na Estação Mercado, no Centro Histórico de Porto Alegre. Mensagens motivacionais foram distribuídas aos usuários que desembarcavam e embarcavam do metrô, ao som de violão. As equipes conversavam também com os passageiros.

Houve ainda o chamado “Cantinho do Desabafo”, um espaço para ouvir e conversar com quem esteja necessitando de apoio emocional, que foi montado no saguão. A coordenadora do projeto Help em Porto Alegre, Fabiana Martens, destacou que essa conversa é sem julgamentos e traz a experiência de quem está ouvindo.

“O lema do Help é: Não te julgo, te ajudo. A gente já inicia a conversa nisso, é sem julgamento, porque o que as pessoas mais enfrentam aí fora é julgamento. No Help, já senta o jovem, a pessoa ali no Cantinho do Desabafo, deixando bem claro isso, que a gente trabalha sem julgamentos. Então a gente ouve o que ele tem a dizer, porque muitas vezes a pessoa não tem quem a ouça, né? A gente faz aquela escuta qualificada. Quando tu vai falar para o jovem, tu vai falar de uma coisa que tu já viveu, então tem um poder maior nas tuas palavras por que já passou por aquilo”, detalhou. “Aquilo que ele está falando para ti, tu sabe que realmente o que é e tu consegue até penetrar dentro dele. Assim, a gente consegue criar uma conexão com eles e faz com que se abram mais com a gente”, detalhou.

O projeto Help nasceu em 2017 e já está presente até em outros países. “Ele nasceu da importância da necessidade de ajudar. Todos os voluntários já passaram por problemas de ordem psiquiátrica, psicológica e emocional, como depressão, crise de ansiedade, transtorno bipolar complexos e traumas. Venceram isso e superaram através de ajuda. Hoje esses mesmos voluntários e outros que fomos ajudando se juntaram a nós e se uniram para que a gente possa ajudar outras pessoas”, explicou Fabiana Martens.

Ela calculou que o movimento já mobiliza cerca de 6 mil voluntários no Brasil, sendo que em torno de 500 atuando no Rio Grande do Sul. Entre as atividades estão também palestras em escolas. “A gente fala sobre automutilação, desejo de suicídio, traumas e bullying”, citou como exemplo.

A coordenadora do projeto lembrou que muitos jovens relataram que pensavam em tirar a própria vida, mas o acolhimento recebido do Help fez com que mudassem de ideia. “São adolescentes que vem com problemas familiares, alguns já passaram por abuso sexual, então é uma coisa assim muito forte muito pesada”, constatou.

“O índice de suicídio vem aumentando sobretudo entre jovens e há dificuldade também da família lidar com isso. O Help entra também para ajudar a colaborar com a família, porque a família adoece junto”, frisou Fabiana Martens. “O certo seria os jovens mais alegres, mas ágeis, eles têm um futuro todo pela frente, mas tu não vê mais a criança brincando com os amigos na rua. Hoje não tem mais isso, é uma insegurança assim absurda. Então com a tecnologia, eles vão ficando mais reclusos”, afirmou. “O jovem não recebe ajuda de maneira correta”, observou.

O projeto Help conta também com atendimento por telefone, por meio do número nacional (11) 4200-0034, com “um atendente lá 24 horas por dia”, e está também no Instagram @help.fju e no site projetohelp.com. “Naquele número vai ter alguém lá apto a recebê-la, ouvir e orientá-la”, destacou.

As próximas ações na Trensurb serão realizadas no sábado que vem, dia 25, na Estação Canoas, no dia 4 de março na Estação São Leopoldo, no dia 11 na Estação Novo Hamburgo, no dia 18 na Estação Mathias Velho de Canoas e 25 de março na Estação Sapucaia.

Historicamente, o Rio Grande do Sul é o estado com a maior taxa de suicídio do Brasil, que chega a 12,4 mortes a cada 100 mil habitantes. Já Porto Alegre lidera também o ranking das capitais com mais pessoas depressivas: 17,5% dos adultos, de acordo com a Pesquisa Vigitel 2021, do Ministério da Saúde.


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