Hospitais da Região Metropolitana operam acima da capacidade e com superlotações nas emergências

Hospitais da Região Metropolitana operam acima da capacidade e com superlotações nas emergências

Reflexo da falta de assistência nos hospitais de Cachoeirinha, Alvorada e Viamão é percebido especialmente na cidade de Gravataí

Fernanda Bassôa

Hospital Dom João Becker, em Gravataí, opera com 217% da capacidade assistencial

publicidade

O cenário da saúde pública na Região Metropolitana tem se mostrado bem preocupante, especialmente diante da situação pela qual passam os hospitais de Cachoeirinha (em greve), Viamão (em estado de greve) e Alvorada, cuja gestão dos serviços teve administrador substituído no início da semana, causando uma série de transtornos e também restrições nos atendimentos. A falta de atendimento nestes locais ou a pouca assistência acaba se refletindo em hospitais e unidades de saúde de outras cidades da região.

Em Gravataí, o Hospital Dom João Becker atualmente está com 47 internados na emergência que tem uma capacidade para 23, operando com 217% da capacidade assistencial. “A superlotação de nossa emergência é uma realidade constante. Além disso, já estamos observando uma movimentação de pacientes de outros municípios. Hoje, em nossa emergência temos mais de 20% de internados vindos de outras cidades, a maioria de Cachoeirinha. Somos a única unidade hospitalar para uma Gravataí com cerca de 300 mil habitantes. Se realmente a demanda de Cachoeirinha migrar para cá, não teremos como absorver”, afirma o diretor técnico do Hospital Dom João Becker, Fernando Issa.

Já a Prefeitura de Gravataí informou que possui uma rede de saúde robusta, funcionando a pleno, com todas as equipes completas, mas já sente os efeitos da crise dos hospitais vizinhos, especialmente no que diz respeito à superlotação. Soma-se a isso o crescente aumento na procura por atendimento nesse período, em razão da dengue, Covid-19 e gripe. Gravataí mantém os atendimentos integrais nas duas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e nas 30 unidades de saúde municipais, além do hospital. Nas UPAs, por exemplo, não há critério de exclusão. Entretanto, através da classificação de risco, os casos são ordenados de acordo com o risco de agravo apresentado na triagem dos pacientes. Na segunda-feira, 1º, as duas UPAs, juntas, registraram o atendimento de 100 pacientes de outros municípios, dos quais 62 de Cachoeirinha.

A direção do Hospital Centenário, em São Leopoldo, informou que tem vivido quadros de superlotação nos seus espaços, especialmente na emergência, onde hoje, 43 pacientes estão internados em um local cuja capacidade é de 19 pontos de cuidado. Não há restrição de atendimento, mas, a instituição tem orientado e solicitado para a população que, em casos menos graves, procurem por atendimento na UPA ou nas unidades de saúde do município. Com relação a demanda de pacientes oriundos de outros municípios nos quais não é referência, ou dos hospitais de Cachoeirinha, Alvorada e/ou Viamão, o Hospital Centenário não identificou aumento de casos para essas situações.

O prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi, tem demonstrado preocupação com o aumento expressivo da demanda de pacientes em razão da confirmação de dengue ou suspeita da doença que tem causada sobrecarga de atendimentos. Além do expressivo aumento nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), que na última semana registrou mais de 1,6 mil atendimentos, a Secretaria Municipal de Saúde, também vem percebendo um aumento muito significativo nas unidades de atendimento 24h, como no Centro de Saúde Feitoria, Hospital Centenário e Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Zona Norte. De acordo com os relatórios mensais, a UPA da Zona Norte realizou somente em março, 14 mil atendimentos.

O Hospital Getúlio Vargas, em Sapucaia do Sul está com 110% de ocupação na emergência e 100% na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). O Hospital São Camilo, em Esteio, está com a Emergência superlotada, operando com 200% da capacidade. Existe sobrecarga dos profissionais das emergências adulto e pediátrica, houve aumento do tempo de atendimento aos pacientes. Entretanto não há restrição de atendimentos, mas o hospital restringiu as visitas no setor da ala amarela para facilitar a circulação dos profissionais, pois há pacientes em macas, poltronas e cadeiras, inclusive nos corredores.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895