Instituto de Cardiologia de Porto Alegre alega falta de verba para cirurgias de emergência pelo SUS

Instituto de Cardiologia de Porto Alegre alega falta de verba para cirurgias de emergência pelo SUS

Com cerca de 70% dos atendimentos pelo SUS, hospital tem fila de pacientes aguardando cirurgias

Kyane Sutelo

Instituto de Cardiologia de Porto Alegre atende emergência pelo SUS, por convênios e particular.

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Mais de 30 pessoas aguardam cirurgias na emergência do Sistema Único de Saúde (SUS) do Instituto de Cardiologia de Porto Alegre. Conforme o hospital, falta dinheiro para a aquisição de dispositivos como o marca-passo, um dos mais esperados. “Toda conduta cardiológica precisa de dispositivos, é o nosso dia a dia. E o que está acontecendo com esses dispositivos? Quase todos eles têm um preço em dólar e são importados”, explica a representante médica do grupo de Comunicação do hospital, Miriana Basso Gomes, que destaca aumento nos preços com a situação econômica mundial.

A preocupação com o orçamento do hospital é ainda maior, porque quase 70% dos atendimentos são realizados pelo SUS e 17% pelo IPE Saúde e tanto o sistema público, como o convênio do Estado estão com as tabelas defasadas, segundo a médica. “O paciente interna e, se ele tem que colocar, por exemplo, um cardiodesfribilador com marca-passo junto, o custo só do aparelho, sem falar em anestesia, médico, enfermagem, é R$ 50 mil. O que o SUS paga? R$ 18.542,00”, enfatiza Miriana.

A artesã Noeli Docelíria Prestes, de 64 anos, é uma das pacientes que aguarda por uma cirurgia. Há 32 dias, deixou a casa em Sapucaia do Sul e ficou internada. “Eu baixei aqui, porque me deu, em casa, um apagão, eu caí e bati com a cabeça”, conta. Após exames, os médicos indicaram a necessidade de um marca-passo. Noeli teve outros dois desmaios no hospital e, enquanto o dispositivo não chega, o marido Mário Jurandir de Abreu Prestes, de 68 anos, diz que a preocupação é diária. “Ela tem esses apagões e reage. Vamos supor que dê e não tenha volta. O que acontece? É só lamentar”, desabafa.

Miriana se emociona ao contar que a equipe médica também está consternada com a possibilidade de perder pacientes ou ter que suspender novas internações. “A gente acredita ainda que a saúde é um direito de todos”, afirma a cardiologista. Além de reivindicar a atualização das tabelas de valores repassados pelo SUS e pelo IPE Saúde, o apelo é para que o empresariado gaúcho invista no local, que é uma das referências em Cardiologia para o Estado. Além disso, Miriana pede que a população que precisa de atendimento médico por convênios do setor privado procure atendimento no Instituto de Cardiologia, pois esses procedimentos seguem ocorrendo normalmente e os valores pagos pelos planos de saúde contribuem com o atendimento do SUS. Quem quiser ajudar o hospital, fazendo doação em dinheiro pode utilizar o pix da instituição 92.898550/0001-98.


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