Lotação das emergências de Porto Alegre registra 184% nesta quinta-feira

Lotação das emergências de Porto Alegre registra 184% nesta quinta-feira

Secretarias de Saúde do RS e de Porto Alegre definem novos fluxos para transferência de pacientes

Paula Maia

na manhã desta quinta-feira a lotação das emergências registrava 184%

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A crise na saúde de Porto Alegre continua. A Capital tem 4.800 leitos no Sistema Único de Saúde e na manhã desta quinta-feira a lotação das emergências registrava 184%. Para minimizar a superlotação, Secretaria Estadual e Municipal de Saúde estão em negociações intensas para estabelecer um novo fluxo de contrarreferência, visando o encaminhamento de pacientes para suas cidades de origem.

A secretária adjunta de saúde do RS, Ana Costa, enfatizou que o objetivo é executar esse processo de maneira mais efetiva, a fim de atender à crescente demanda por serviços de saúde na Capital. Ela destacou que todo o processo de transferência é orientado por critérios médicos, não por decisões administrativas que possam comprometer o estado de saúde dos pacientes ou as condições hospitalares de suas cidades de origem.

"A decisão de transferência é eminentemente médica, não puramente administrativa. Estamos tratando de contrarreferência, não de transporte de pessoas. Ontem, identificamos 140 casos de baixa complexidade", afirmou Ana.

Além das iniciativas conjuntas com a Capital, Ana ressaltou que a porta de entrada do Hospital de Alvorada está em funcionamento, o que contribui para a ampliação do acesso aos serviços de saúde na região.

Em entrevista para a rádio Guaíba, o secretário municipal, de Saúde, Fernando Ritter, afirmou que a secretaria está trabalhando para identificar os casos de internação, de baixa complexidade, por pacientes que não são residentes da Capital para que o Estado faça a transferência.

“Atingimos 212% de ocupação das portas de emergências do município de Porto Alegre, contando hospital e pronto atendimento. Só para ter uma ideia, isso nunca não aconteceu neste período. Por isso qualquer fala que diga que isso é sazonal, está equivocada. Tem uma pressão adicional”, disse o secretário.

Ritter destacou que os hospitais de alta complexidade de Porto Alegre - Santa Casa, Hospital de Clínicas, os hospitais do Grupo Hospitalar Conceição, Hospital da Restinga e São Lucas da Pucrs - estão sobrecarregados, e que a superlotação das emergências de Porto Alegre tem como reflexo a crise assistencial dos hospitais da região metropolitana, especialmente, Alvorada, Viamão e Cachoeirinha.

O secretário considerou, também, o agravamento da crise na Capital devido a situação de Canoas, que mudou novamente a gestão, “e que teve impacto do programa Assistir do governo do Estado”, e o aumento da demanda de gestantes da região metropolitana, além do fechamento da Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal de Tramandaí.

Um dos pontos críticos é a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Moacyr Scliar, na zona Norte da Capital, que registrou uma lotação de 300% nesta manhã. A Unidade tem 17 leitos e 51 pacientes internados. Embora seja uma unidade de complexidade intermediária, tem sido sobrecarregada com pacientes que demandam internação hospitalar devido ao agravamento dos quadros clínicos.

O gerente Jesse James Selistre destacou que a média de pacientes internados oscila entre 45 e 55, evidenciando um desafio persistente para atingir o equilíbrio necessário. Um ponto destacado por Selistre é a grande procura de pacientes da região metropolitana diretamente na UPA, em vez de buscar atendimento em unidades básicas de saúde.

Ele afirmou que esse comportamento contribui significativamente para a sobrecarga da unidade, prejudicando o tempo de espera e enfatizou a importância do correto encaminhamento dos pacientes, ressaltando que as Unidades Básicas de Saúde devem ser a primeira opção. “Em torno de 30% tanto dos internados quanto dos atendimentos são pessoas que não procuram a UPA do seu município, como Cachoeirinha e Gravataí”, revelou.

“É importante que os pacientes procurem as unidade de saúde com sintomas leves, não ir para a UPA, que acaba atrapalhando o atendimento, acaba superlotando e aumentando o tempo de espera. Quando os casos são mais simples, o ideal é procurar atendimento no seu município. E em caso de internação, que as pessoas aceitem e entendam que os hospitais de referência da UPA Moacyr Scliar é o Hospital Vila Nova e Hospital Restinga, não é o Hospital Conceição”, disse.

Cintia Almeida é moradora de Alvorada e levou o pai Antônia Almeida, de 60 anos, na UPA Moacyr Scliar depois de um desmaio. Eles chegaram às 8h e o pai recebeu atendimento perto das 10h. “Eles disseram que tinham cinco emergências na frente. Eu sei que aqui é muito bom, que eles fazem exames, por isso eu trouxe ele para cá. Faz umas duas semanas que ele tá assim. Nós estávamos na praia e levamos ele num postinho de lá, deram injeção de antiflamatório”, contou.


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