Novo Hamburgo lidera o ranking gaúcho de casos confirmados de dengue no RS

Novo Hamburgo lidera o ranking gaúcho de casos confirmados de dengue no RS

Cidade do Vale do Sinos contabiliza 1.757 pessoas contaminadas pela doença; 2.064 notificações e outros 277 casos ainda seguem sob investigação. Prefeitura confirmou primeira morte por dengue nesta sexta-feira

Fernanda Bassôa

A maior parte das larvas ou pupas do Aedes aegypti são encontradas em recipientes com água parada, como registrado no bairro Santo Afonso

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A cidade de Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, hoje configura como o município gaúcho que lidera o ranking de casos confirmados de dengue no Rio Grande do Sul, com 1.757 registros, ficando atrás somente de Tenente Portela que soma 1.408 casos, e também vive um surto da doença, contabilizando três mortes. Além do alarmante número de confirmados, a cidade hamburguense ainda soma 2.064 notificações e 277 casos sob investigação que dependem de resultados de exames. Dos confirmados, três pessoas estão internadas no Hospital Municipal da cidade. O Rio Grande do Sul já contabiliza 10.387 positivados de dengue, tem 23.648 notificações para a doença e soma nove óbitos.

Além disso, nesta sexta-feira, a prefeitura confirmou a morte do primeiro morador da cidade por dengue em 2024. Trata-se de um senhor de 69 anos, morador do bairro Santo Afonso, que faleceu no dia 23 de fevereiro. A gerente da Vigilância Sanitária do município de Novo Hamburgo, Débora Spessatto Bassani, explica que a Administração trabalha com uma ferramenta que notifica os casos suspeitos em tempo real, o que possibilita traçar ações e estratégias mais focadas, incisivas e eficientes.

“Essa ferramenta nos auxilia a sabermos o número real que precisamos enfrentar. Além disso, é a partir destes índices que adquirimos uma determinada quantidade de testes rápidos, realizamos a triagem e o manejo clínico mais adequado junto às Unidades de Atenção Primária para não causar um colapso no sistema municipal de saúde. O primeiro atendimento ao paciente precisa ser bem feito, pois é extremamente importante, especialmente no que diz respeito a coleta de hemograma e hidratação.”

Segundo Débora, diariamente, de 40 a 50 pessoas procuram atendimentos na rede de saúde com suspeita de dengue. Os locais com maior incidência de positivados são Vila Dihel (30%), bairros São José (17%), Santo Afonso (17%) e Boa Saúde (11%).

A gerente da Vigilância Sanitária diz que as alterações climáticas de 2023 contribuíram para a continuidade dos casos de um ano para o outro. “Em 2022 e nos anos anteriores, percebemos que era uma doença sazonal. Entretanto, de 2023 para cá houve uma continuidade dos casos confirmados. Ou seja, a doença seguiu circulando, o vetor se manteve presente e isso favoreceu a proliferação do mosquito Aedes aegypti, dando mais chance para a crescente contaminação. O alerta de crescimento de casos de dengue é geral, no Estado e no País. O painel atual é desesperador. É preciso que a população se engaje nesta luta, cuidando, prevenindo e eliminando os focos do mosquito.”

Entre as ações que estão sendo feitas no Município para erradicar o mosquito e evitar ainda mais a proliferação da doença, além dos mutirões de limpeza e recolhimento de lixo, que são depositados em locais “inadequados” a Administração criou o Comitê Intersetorial e faz uso de diferentes tecnologias. “Equipes fazem aplicação de inseticida em pontos estratégicos, em locais mais propensos a terem criadouros, como cemitérios, ferro-velho, floriculturas, borracharias, entre outros. Temos monitorado 45 pontos, cuja aplicação acontece de 60 em 60 dias.”

Além disso, Débora garante que é feita aplicação da inseticida do bloqueio vetorial para combater o mosquito na fase adulta. Esta ação é realizada também em locais onde há maior incidência de contaminados em um raio de 200 metros, com programação semanal. Outro serviço é a borrifação intradomiciliar, aplicada nas escolas municipais e unidades de saúde, além do fumacê, a inseticida aplicada bem cedo da manhã, em pontos estratégicos na rua, com menos circulação de pessoas. Débora garante que o poder público não mede esforços contra o enfrentamento do mosquito da dengue. Entretanto, as pessoas precisam se dar conta de que devem eliminar os criadouros dentro das próprias casas, do pátio, evitar pratinhos de vaso de plantas com água parada, estar atentos aos bebedouros de animais, garrafas desprotegidas, lonas mal esticadas e baldes, pois estes são os principais responsáveis pela grande concentração de larvas do Aedes aegypti.

LIRAa APONTOU ALTO RISCO DE SURTO PARA A DENGUE

O primeiro Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) do ano, realizado em janeiro pelo projeto de Prevenção e Combate à Dengue, desenvolvido pela Universidade Feevale e a Prefeitura de Novo Hamburgo, que consiste em visitar 5% dos imóveis do município em um curto período, gerando um indicativo dos níveis de infestação na cidade, apontou Índice de Infestação Predial (IIP) de 4,9%. Ou seja, a cada 20 imóveis, um teve a presença de Aedes aegypti. Esse número assinala que o município se encontra, atualmente, com alto risco de surto para a dengue e outras doenças relacionadas ao mosquito.

Foram vistoriados, na época, 4.002 imóveis e coletadas 278 amostras de larvas e/ou pupas para análise e identificação no Laboratório do Projeto de Prevenção e Combate à Dengue, das quais 75,2% se mostraram positivas para o mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. O Projeto de Prevenção e Combate à Dengue é uma ação contínua e desde o início deste ano até o final de fevereiro já foram vistoriados mais de 6 mil imóveis em Novo Hamburgo. Em 2023, quase 43 mil residências receberam os agentes do projeto.

“Dores atrás dos olhos, na cabeça e muita ânsia de vômito”

Mãe de dois filhos pequenos, Sheila Leite Borges, 29 anos, que mora do bairro São José, em Novo Hamburgo, contraiu dengue há menos de duas semanas e disse que foi uma das piores experiências que já passou. “Era uma sexta-feira, Acordei de madrugada, suando muito, me sentindo febril e tendo calafrios. Percebi que alguma coisa estava muito errada. No dia seguinte, sentia fortes dores nos olhos, na cabeça e nas pernas, além de uma vontade terrível de vomitar. Fiquei três dias com estes sintomas até procurar atendimento no posto de saúde.”

Sheila lembra que o diagnóstico saiu na hora. Era dengue. “O médico me receitou medicamentos e disse para eu beber bastante água. Fiquei uma semana bem ruim. Não conseguia levantar da cama, tamanho era o mal-estar. Ontem, minha filha de quatro anos começou a reclamar dos mesmos sintomas: dor nos olhos, na cabeça e nas pernas. E está febril, igual o menor, de 7 meses. Suspeito que os dois também tenham contraído a doença.” Segundo ela, praticamente todos os vizinhos da rua já contraíram ou estão enfrentando os malefícios dos sintomas da dengue.

DEZ CIDADES GAÚCHAS COM MAIOR NÚMERO DE CASOS CONFIRMADOS

1. Novo Hamburgo – 1.757

2. Tenente Portela – 1.408

3. Santa Rosa – 809

4. Três Passos – 736

5. São Leopoldo – 664

6. Barra do Guarita – 373

7. Iraí – 310

8. Cerro Largo – 286

9. Pinheirinho do Vale – 281

10. Frederico Westphalen – 260

* Fonte: https://dengue.saude.rs.gov.br/


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