Palhaços animam pacientes internados no Hospital Restinga e Extremo Sul, em Porto Alegre

Os doutores Abelardo e Leontina ingressaram na manhã desta quinta-feira em quartos das unidades de internações adulta e pediátrica do Hospital Restinga e Extremo Sul (HRES), na zona Sul de Porto Alegre, animando crianças e adultos nos leitos. A cena seria trivial, não fossem ambos palhaços interpretados pelos atores Marcelo Martens e Eveliana Marques, respectivamente, e que integram a Blitz da Alegria, projeto iniciado no ano passado em Minas Gerais e que está desembarcando em hospitais e instituições de saúde da Capital. 

Trajada de jalecos, narizes vermelhos, maquiagens e instrumentos musicais, a dupla interagiu com os pacientes, proporcionando risos e momentos de descontração. O projeto de palhaçaria hospitalar deverá passar mais quatro vezes pelo HRES, nos próximos dias 14 e 28 de novembro, à tarde, além do dia 23, pela manhã. Na Capital, a blitz já esteve também na AACD, Fundação Kinder e Instituto do Câncer Infantil. 

“Imaginamos que o riso ajuda no tratamento das pessoas, e basicamente, é a cura. Tentamos ter o máximo de cuidado possível, para que as pessoas se sintam acolhidas no momento em que as visitas ocorrem”, afirma o produtor cultural Rafael Domingues, que trabalha na Amora Produções, responsável pelo projeto no RS. Daniela Kunzler, enfermeira de Qualidade do Paciente no HRES, afirma que a parceria está sendo muito virtuosa, no intuito de descontrair os pacientes e proporcionar momentos de afeto.

“Isto é de suma importância, tanto para a equipe, que acaba interagindo também com a trupe, mas principalmente com os pacientes, que necessitam ter mais contato com estas pessoas. Somos um ambiente hospitalar, com seringas, a todo momento pessoas de branco, o que pode assustar mesmo os adultos, então quebra um pouco o paradigma”, salientou ela, reforçando que todas as interações são feitas visando a segurança e higiene. O projeto a nível nacional foi idealizado pelo artista Gilbert Diniz, pioneiro no Brasil em palhaçaria em hospitais e instituições de acolhimento social. 

Com recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura, a Blitz da Alegria tem patrocínio ainda do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). Marcelo e Eveliana salientam que há o envolvimento total dos profissionais, assim como um extensivo trabalho de treinamento de abordagem dos pacientes. “Nunca sabemos o que o paciente tem, mas trabalhamos no intuito de elevar o espírito dele. Não entramos nos detalhes da condição clínica, e a ideia é trazer mais cor, música, alegria, brincadeiras, deixar que ele revele suas necessidades”, diz Eveliana.

“Normalmente, estes são pacientes que não poderiam neste momento ir para um teatro. Então levamos o teatro até eles. E isto é muito especial e até inesperado, e lidar com isto e com o improviso é incrível”, comenta Marcelo. A julgar pelas reações positivas dos pacientes, as interações cumprem plenamente seus objetivos. A garçonete Vanessa Souza de Oliveira é mãe de Rafael, 4 anos, internado na unidade pediátrica do HRES. Moradora da Restinga, ela disse que o filho foi só sorrisos. “É muito bom ver estes artistas aqui. O ambiente de hospital é muito pesado, e estes palhaços ajudam a ficar mais leve. Isto cativa a gente”, observou.