Pesquisa revela: 68% dos brasileiros não sabem que o vírus da gripe pode agravar doenças em idosos
Sete a cada dez responsáveis por cuidar de alguém com mais de 60 anos não souberam quais vacinas o idoso deve tomar

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Um estudo realizado pela farmacêutica Sanofi em parceria com a ALS Perception mostra o desconhecimento da população brasileira a respeito dos impactos da gripe nos idosos. De acordo com a amostra, 68% dos brasileiros possuem pouco ou nenhum conhecimento de que a gripe, também chamada de influenza, pode agravar doenças preexistentes, como doenças cardiovasculares, doenças pulmonares e diabetes tipo 2, especialmente em idosos.
Em uma palestra que discutiu a pesquisa, o Médico pediatra e Diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), Juarez Cunha, reforçou que a gripe é diferente de um resfriado, trata-se de uma infecção viral aguda do sistema respiratório, provocado pelo vírus da influenza.
A pesquisa divulgada pela Sanofi foi desenvolvida em fevereiro de 2024, com pessoas de 40 anos ou mais, de cinco regiões do país, das classes A,B,C,D/E, representando a população brasileira. Os resultados variam conforme a classe social dos entrevistados: 90% das pessoas da classe A sabem que existe recomendação de vacinação contra a Influenza para a sua idade, contra apenas cerca de 60% das pessoas de classes D/E.
O levantamento revela também que 23% dos entrevistados percebem nenhum ou baixo risco associado à escolha de não se vacinar contra a gripe. Além disso, sete em dez dos responsáveis por garantir a vacinação de alguém com mais de 60 anos afirmam não saber quais vacinas os idosos devem tomar.
Apenas 1/3 dos entrevistados mostraram total conhecimento de que o vírus da gripe pode causar um grande impacto em órgãos vitais, como coração, pulmão e cérebro, principalmente em idosos – população que mais sofre com as complicações da doença.
“A vacinação é a melhor forma de prevenir a gripe e suas complicações, especialmente entre a população acima de 60 anos, que apresenta um enfraquecimento natural do sistema imune, fenômeno chamado de imunossenescência. No entanto, o que podemos observar é que existe um desconhecimento geral da população sobre os perigos além da gripe, que podem ser fatais para a população idosa”, ressaltou Maisa Kairalla, médica geriatra e Membro da Comissão de Imunização da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.
Idosos tem vacinação prioritária devido ao risco de morte por complicações causadas pela gripe
Segundo dados do Ministério da Saúde, os idosos representaram 65,6% dos óbitos por Influenza no ano passado e 54,9% das hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Por esse motivo, eles são considerados grupos prioritários para recebimento de vacinas contra a Gripe, Dengue e Covid, por exemplo.
Aqueles que possuem alguma comorbidade têm ainda mais complicações em decorrência da Influenza. A letalidade neste grupo é 2 vezes maior em comparação aos idosos sem comorbidades. A gripe pode ocasionar complicações cardiovasculares, como infarto e AVC, por exemplo. Na pesquisa realizada pela Sanofi com a ALS Perception, apenas ¼ dos entrevistados afirmou saber sobre estes riscos e quase 1/3 dos entrevistados não sabiam que existem vacinas específicas para a proteção da população idosa.
Confira as vacinas recomendadas para idosos:
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) mantém um calendário vacinal específico para a população idosa. Essas vacinas estão disponíveis gratuitamente na rede pública de saúde. Idosos ou responsáveis devem entrar em contato com os Postos de Saúde e informar-se sobre doses e horários de vacinação.
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Vacinas dupla bacteriana do tipo adulto (dT), capaz de prevenir a difteria e o tétano (uma dose de reforço a cada 10 anos);
- Pneumocócica 23-valente (PPV 23), que protege contra infecções nos pulmões, ouvidos e sangue (sépsis) e da meningite bacteriana;
- PPV 23 é indicada para pessoas a partir de 60 anos ainda não vacinadas, que vivem acamados ou em instituições fechadas, como casas geriátricas, hospitais, unidades de acolhimento, asilos e casas de repouso;
- Em casos especiais, idosos nunca vacinados contra a febre amarela podem receber o imunizante, mas apenas mediante prescrição médica;
- Reforço da Covid-19 (conforme campanha de vacinação do Estado);
- Dose anual contra a gripe, quando é aplicada a vacina trivalente da Influenza.
Clique aqui para acessar a lista da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM).
Índices de vacinação entre adultos é menor que o recomendado pelos órgãos de saúde
Segundo informações do Portal Butantan, as coberturas vacinais contra a gripe e a Covid-19 se encontram abaixo do índice de 90%, preconizado pelas entidades de saúde.
O Diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), Juarez Cunha, contextualizou que existem poucas pesquisas que mostram o panorama geral, mas estimou que o percentual de idosos com esquema vacinal completo é de 20 a 25%, no máximo.
“Ainda temos 300 mortes por semana por Covid no Brasil. São números absurdos e as pessoas não sabem a gravidade que ainda existe e acabam não se vacinando”, alertou Cunha.