Profissionais da saúde protestam durante mediação que busca reverter demissões nos hospitais da região

Profissionais da saúde protestam durante mediação que busca reverter demissões nos hospitais da região

Trabalhadores do Hospital Padre Jeremias, de Cachoeirinha, e do Hospital de Viamão têm assembleias marcadas para quarta-feira; profissionais de Alvorada se reúnem na quinta-feira

Fernanda Bassôa

Uma das alternativas seria o Estado manter o contrato com o Cardiologia, de forma emergencial, por dois meses

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Nesta terça-feira centenas de trabalhadores da saúde protestaram em frente ao Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-4), na capital, onde aconteceu uma mediação entre Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde (Sindisaúde-RS), representantes do Estado e direção da Fundação Universitária de Cardiologia. A audiência foi realizada com o objetivo de encontrar uma alternativa que não prejudique os cerca de 1 mil profissionais que serão desligados com a troca das gestões dos hospitais de Alvorada e Cachoeirinha, e com o fechamento de serviços no Hospital de Viamão, na Região Metropolitana. A previsão era que o Hospital Ana Nery, de Santa Cruz do Sul, assumisse o Padre Jeremias, enquanto que a Associação João Paulo II, o hospital de Alvorada. Essa substituição aconteceria entre os dias 1º e 8 de abril. Por isso, a onda de demissões começaria na próxima segunda-feira.

Conforme o Sindisaúde, durante a mediação ficou definido que o Estado vai tentar manter o contrato com o Cardiologia, de forma emergencial, por pelo menos mais dois meses, oferecendo uma espécie de segurança trabalhista aos profissionais. O Sindisaúde informou que o indicativo de greve ainda existe, mas caso o Estado dê a confirmação do prolongamento do contrato, o Sindicato se compromete a suspender o movimento paredista. Essa confirmação de seguimento do contrato, ou não, deve ser anunciada até às 13 horas de quarta-feira.

Os profissionais do Hospital Padre Jeremias, de Cachoeirinha, e do Hospital de Viamão mantêm as assembleias marcadas para às 14 horas de quarta-feira. Já os trabalhadores de Alvorada se reúnem na quinta-feira. De acordo com o presidente do Sindicato, Júlio Jesien, se os trabalhadores optarem pela deflagração de greve, ela se inicia 72 horas após o encerramento das assembleias.

Jesien explica que entre os motivos que podem culminar na paralisação dos serviços está o não pagamento das verbas rescisórias nas transições de gestões que estão sendo operacionalizadas em Cachoeirinha e Alvorada; e a possível demissão de ao menos 200 funcionários sem indenização em Viamão. Segundo o presidente do Sindicato, as dívidas trabalhistas podem ultrapassar a casa dos R$ 40 milhões. Valores que não deverão ser pagos pelo Instituto de Cardiologia, atualmente em recuperação judicial.

Além disso, a situação é ainda mais agravada pela retirada de recursos provenientes do Programa Assistir. “Nossa indignação é que dois hospitais de responsabilidade do Estado (Alvorada e Cachoeirinha) são repassados para o Cardiologia, que já vinha anunciando problemas financeiros e déficit de investimentos. Desta forma, o governo abre mão daquele princípio constitucional de que a saúde é direito de todos e dever do Estado. Os hospitais estão se deteriorando, com fechamento de emergências e demissão de trabalhadores.”

A Secretaria Estadual da Saúde (SES) informou que não pode responder pela parte trabalhista, pois quem contrata trabalhadores é a gestão do hospital. A Fundação Universitária de Cardiologia, por sua vez, informou que vai se posicionar somente após manifestação do Estado na quarta-feira.


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