Seis das sete emergências de Porto Alegre operam com o dobro da capacidade

Seis das sete emergências de Porto Alegre operam com o dobro da capacidade

Alguns dos principais hospitais estão com atendimentos restritos, recebendo apenas pacientes com risco de morte

Felipe Samuel

Com 135 internados para 56 leitos, o Hospital de Clínicas tinha lotação de 241,07% dos leitos

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Por conta da superlotação das emergências SUS, os principais hospitais de Porto Alegre estão com restrição de atendimento. O cenário se repete semana após semana e mantém pressionado o sistema de saúde da Capital. De acordo com dados do painel de monitoramento da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), seis das sete emergências operavam nesta segunda-feira com o dobro capacidade. Devido ao aumento da demanda, Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Santa Casa de Misericórdia e Nossa Senhora da Conceição estavam com atendimento restrito, recebendo apenas pacientes com risco de morte.

Os pronto atendimentos da Capital também registravam superlotação. A unidade da Bom Jesus tinha 32 pacientes para apenas sete leitos disponíveis, o que resultava em lotação de 457,14%. O tempo de espera para atendimento superava 3 horas, num cenário semelhante ao verificado nas emergências. Com 135 internados para 56 leitos, o HCPA tinha lotação de 241,07% dos leitos. A Santa Casa tinha 54 pacientes para 24 leitos disponíveis, o que resultava em ocupação de 225%. O Instituto de Cardiologia operava com 219,05% da capacidade, com 46 internações para 21 leitos disponíveis.  

Diretor de Atenção Ambulatorial Hospitalar e de Urgências da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre, Favio Telis explica que a maior procura por atendimentos é de pacientes adultos com problemas respiratórios, cardiológicos, vasculares e em tratamento oncológico. Entre as crianças, as busca por atendimento é por conta de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Para amenizar a espera por atendimento, Telis afirma que a prefeitura contratou 91 leitos clínicos adultos e outros 30 leitos clínicos pediátricos. “Com isso, temos a expectavia de minimizar a situação das emergências”, sustenta.

Conforme Telis, o acréscimo do número de leitos clínicos deve desafogar o sistema de saúde nas próximas semanas. “O que a gente tem percebido em relação à superlotação das emergências é que são de pacientes que precisam de internação. Continuamos com leitos hospitalares lotados, com pacientes demorando um pouco mais na questão da alta, seja pela complexidade da situação do problema ou da internação, o que acaba dificultando no giro dos leitos”, afirma, destacando que muitas pessoas com sintomas leves de doenças acabam procurando por atendimento em emergências, quando deveriam ir a uma unidade de saúde. 

Telis relata dificuldade em atender pacientes cardiológicos. “O prestador de serviços enfrenta problemas para executar procedimentos cardíacos pelos custos dos equipamentos. É um problema que houve no Instituto de Cardiologia. Muitos pacientes estão internados há 90 dias aguardando procedimento cardiológico, como a troca de marca-passo e cateterismo, e o paciente acaba trancando o leito clínico”, completa. Conforme Telis, a busca por atendimento na Capital por pacientes de outros municípios pressiona o sistema de saúde. Cerca de 35% pacientes vêm do entorno da Região Metropolitana. Orientamos que procurem as unidades básicas de saúde dos próprios municípios”, observa.

 


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