Uber apresenta projeto de carros voadores na Web Summit
Nova modalidade de transporte, UberAIR, decola de Los Angeles em 2020
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Antes que o leitor pense que Holden sugere modelos de automóveis voadores vistos em filmes futuristas, populares especialmente no século passado, é importante estar atento ao seguinte alerta: Os novos veículos de transporte de passageiros pelo céu tratam-se de helicópteros adaptados para tal finalidade. A primeira viagem está marcada para ocorrer em até três anos, em 2020, quando o primeiro veículo decolará de Los Angeles, nos Estados Unidos.
Holden falou que a possibilidade de transportar passageiros pelo ar nasceu de um acordo fechado com a Agência Espacial Americana, a Nasa, para a gestão do tráfego aéreo nos Estados Unidos. “Esse acordo espacial abre caminho para que a Uber colabore com a NASA no desenvolvimento da próxima geração de tecnologia de gestão de espaço aéreo”, informou.
Segundo ele, o UberAIR será capaz de operar a maior quantidade de voos diários dentro de centros urbanos da história da civilização. O Uber Air faz parte de um projeto da empresa chamado de Uber Elevate. “Fazer isso de forma segura e eficiente exigirá uma mudança profunda nas tecnologias de gestão do espaço aéreo. A combinação da capacidade de engenharia e desenvolvimento de software da Uber somadas às décadas de experiência da Nasa nesse campo proporcionará um avanço crucial para o Uber Elevate”, completou Holden.
O protótipo voador da Uber
Três elementos parecem ser imprescindíveis para tornar os veículos voadores da Uber realidade. Em primeiro lugar, ele precisa ser eficiente no consumo de combustível, ou seja, a prioridade é que seja elétrico e 100% livre de emissões de partículas de poluentes. Com motor abastecido por eletricidade e mantido por baterias, os carros voadores devem atingir um segundo objetivo: Serão silenciosos, o que não causará danos ambientais aos centros urbanos. Um terceiro ponto é a necessidade de decolar e aterrissar verticalmente, para recolher passageiros de forma rápida no topo de edifícios arranha-céus.
O protótipo do veículo apresentado por Holden nos telões do Web Summit possui várias hélices que permitem a decolagem, além de garantir velocidade no deslocamento. O abastecimento dos veículos deve ocorrer em pontos especiais, instalados no topo de edifícios. Holden afirma que o ideal é que os veículos sejam recarregados para o próximo voo em até, no máximo, quatro minutos, o que também barateia a nova modalidade de transporte. As cabines dos passageiros e do piloto são separadas, para garantir segurança durante o voo. Haverá lugar para quatro passageiros em um mesmo voo, além de espaço para malas ou bagagens.
“Não será um serviço de transporte para ricos”, garante Holden
O chefe de Produto da Uber garante que o público-alvo do serviço não são pessoas ricas. “Não construiríamos nada que não estivesse ao alcance de todos. Isso não é um serviço de transporte para ricos. Não pensaríamos nisso sequer”, afirmou. Mas é claro que nem tudo são flores e, no início da operação comercial, prevista para 2023, não será assim. “Quando o produto se estabilizar no mercado, o preço vai baixar muito. Não será imediatamente tão barato como conduzir o próprio carro, mas vai ser possível andar de helicóptero pelo mesmo preço de uma viagem com o UberX”, completou.
Ele ainda assegura que o projeto visionário irá facilitar a vida da população que vive em grandes centros urbanos. “Nós acreditamos que mover o transporte local das cidades para o céu vai aliviar as zonas urbanas”, disse. De acordo com dados apresentados pelo executivo, metade da população mundial vive em cidades. “Em 2025, 75% vão viver em cidades. Os transportes vão se tornar pior e a mobilidade vai ficar pior”, apontou Holden.
Uma das grandes vantagens do modelo já implementado pela Uber (de transporte por terra), segundo Holden, é a possibilidade de utilizar por mais tempo os veículos pessoais, tornando-os mais rentáveis. “Um carro particular costuma ser usado apenas em 5% do tempo”, defendeu. Ele continuou: “Ao crescermos, percebemos que as nossas viagens começavam e acabavam em um mesmo lugar. O UberPOOL nasceu graças a esse fenómeno”. A aposta agora, no entanto, é conquistar também os céus.
De acordo com o apresentado por Holden no Web Summit, as primeiras experiências com carros voadores devem ocorrer com viagens compartilhadas por passageiros que não se conhecem, como já acontece com o UberPOOL, disponível em São Paulo, mas não em Porto Alegre. Em Lisboa, onde ocorre a conferência, o serviço de transporte compartilhado pela plataforma tornou-se disponível durante a semana do evento.
Embraer participa do projeto
A pretensão da Uber se transformar o transporte de passageiros em grandes centros urbanos tem um dedo brasileiro. A Embraer é uma das empresas que fechou parceria para tornar realidade os veículos voadores. Durante a apresentação de Holden foi exibido, inclusive, uma foto com o presidente da Embraer, que recebeu representantes da Uber esse ano para fechar o acordo para a produção de um protótipo. Além da companhia brasileira, outras seis integram o projeto: Bell Helicopter, Mooney, Pipistrel, Aurora, Chargepoint e Hullwood.
A Uber é uma empresa norte-americana e está avaliada em 68 bilhões de dólares. Durante o ano de 2017, passou por diversas polêmicas ligadas à cultura de trabalho, que levaram, inclusive, o fundador da plataforma, Travis Kalanick, a abandonar a presidência e o conselho de administração da empresa. Hoje, quem comanda a Uber é Dara Khosrowshahi (apesar do nome, trata-se de um homem).
Além dos problemas internos, a Uber é alvo de protestos em diversas cidades pelo mundo, como Porto Alegre. O serviço foi ainda terminantemente proibido em alguns países, como a Alemanha. Em Portugal, apesar de uma aparente tranquilidade no convívio entre os veículos que trabalham como parceiros da Uber e os táxis, também rusgas pontuais, inclusive com a depredação de carros e paralisação do trânsito.