Viaduto do Rodoanel só será retomado após laudo
Até sábado à tarde, o governo estadual não apontava as causas do acidente
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O laudo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) não tem data para ser emitido. Segundo Arce, somente o documento poderá dizer se o problema da queda foi o material usado na construção das vigas. Segundo relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) emitido no fim de setembro, o consórcio formado pelas empresas OAS/Mendes Junior/Carioca, responsável pelo trecho onde ocorreu o acidente, deveria ter usado tubulações de concreto no lugar das estruturas pré-moldadas, conforme previa o contrato original. As empresas também alteraram métodos construtivos a fim de baratear os custos, como a redução do número de vigas usadas nos vãos livres dos viadutos - de 7, como determinava o projeto original, para 5 ou 6, de acordo com o TCU.
Arce diz, porém, ter convicção de que o IPT não vai apontar a troca do concreto pelas vigas pré-moldadas, feita pelas empresas com autorização da Dersa, como uma das causas do acidente. Nos 61 quilômetros do Trecho Sul do Rodoanel, existem 132 pontes, viadutos e passagens de níveis sustentados por 2.280 vigas. O viaduto onde ocorreu o acidente é o último que precisa ser concluído, com sustentação de vigas de 45 metros de comprimento.
"Essas vigas são usadas em pontes e viadutos do Brasil inteiro. Foram usadas nas obras da Imigrantes. Não foi a troca do material a causa (da queda). O que temos de saber é se houve uma falha no material usado na viga ou na construção dela", afirmou o secretário. Em caso de o IPT constatar falhas na fabricação do material que desabou, uma inspeção poderá ser realizada nas 2.280 vigas do Trecho Sul, informou Arce. "É claro que só vamos entregar a obra quando tivermos a certeza da sua segurança. Não existe isso de pressa, para inaugurar antes das eleições de 2010. Queremos saber o que houve nesse acidente", acrescentou.
Sobre as suspeitas de superfaturamento na obra, causadas pela redução do uso de material de construção e pela manutenção dos preços repassados ao Estado pelas empreiteiras, o secretário argumenta que esses questionamentos do TCU foram esclarecidos pelo governo. "Nós também não concordamos com parte dos pagamentos a mais que as empresas queriam. Tudo o que o Tribunal nos pediu e foi pedido às empresas está sendo cumprido por meio de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) assinado com o Ministério Público Federal", completou. Procuradas desde a sexta-feira à noite, as empresas responsáveis pelo lote 5 do Trecho Sul, na parte do acidente, não se pronunciaram.
Pedágio
O governo de São Paulo assinou os contratos para construção das praças de pedágio do Trecho Sul do Rodoanel. O prazo para a conclusão das obras é de sete meses, o que projeta o início da cobrança para até meados de junho de 2010. As pistas, no entanto, deverão estar abertas ao tráfego a partir de 27 de março, mesmo com o acidente de sexta-feira. "O ideal seria que o início da operação coincidisse com a conclusão das praças de pedágio", disse Arce. São seis contratos para construção, cada um com custo médio de R$ 5,5 milhões.
A cobrança será concedida à iniciativa privada. Arce confirmou que o edital que vai definir quem administrará o Trecho Sul está em fase de conclusão e deve ser lançado ainda neste ano. "A definição agora é se a concessão terá o pagamento de outorga ao governo ou se o vencedor vai construir o Trecho Leste do Rodoanel. Espero que tenhamos essa notícia ainda neste ano", explicou.