Estiagem e arte nativa

Estiagem e arte nativa

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Despedida da estiagem

A reportagem de duas páginas sobre o provável fim da estiagem é o que todos nós esperamos ansiosamente (CP, 4/5). A seca que fez com que mais de 80% dos municípios gaúchos decretassem estado de emergência pode estar no fim. No entanto, os déficits acumulados de precipitação em três anos seguidos mostram que o processo deverá durar algum tempo, sem contar com uma crise hídrica com perdas bilionárias para o setor primário e crise no abastecimento de água. A normalização do clima poderá levar meses. Segundo a MetSul, o fim definitivo da estiagem ocorrerá no segundo semestre. Cruzemos os dedos e tenhamos bastante otimismo.

Saul R. D. Silva, Porto Alegre, via e-mail

Arte nativa

Estive em Santo Ângelo no feriadão de 1º de maio para buscar uma cruz missioneira e aspirar a atmosfera telúrica, religiosa e nativa das ruínas das Missões, que há quatro séculos foi palco do massacre dos povos nativos. Comprei a cruz missioneira e algumas peças de artesanato de três indígenas na praça Pinheiro Machado, que tem 30 arcos homenageando as trinta reduções jesuíticas que existiram na Argentina, no Brasil e no Paraguai. Mas não pude ir a São Miguel devido à (inexplicável) precariedade de transporte: a linha de ônibus que chega a 17 km das ruínas não opera nos fins de semana. Além disso, só tem uma viagem diária de ida e outra de volta, em horários incompatíveis para o visitante, que fica obrigado a pousar no lugar. Inacreditável que, na era dos aplicativos, o poder público ou alguma empresa não tenham a capacidade de investir numa van que ligue Santo Ângelo às ruínas, ainda que com poucos horários e algum regramento. Aqui no Brasil é assim: recursos aos milhões são drenados para poucos artistas de fama nem sempre merecida. Enquanto isso, as verdadeiras cultura e arte populares e o artesanato nativo e urbano carecem de incentivos, de recursos, de vitrina, de lugar e de infraestrutura de apresentação, de exposição e de acesso. Aliás, na última Páscoa em Porto Alegre, os indígenas já não mais coloriram a Rua da Praia com seus cestos de vime. Foram tangidos ao privatizado Parque da Harmonia e nele segregados, distante do público consumidor. Afinal, apesar da existência do Camelódromo, parece que a Rua da Praia e a avenida Borges pertencem eternamente aos camelôs, regulares ou não.

Sérgio Becker, Porto Alegre, via e-mail

 


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