A irresponsável ausência de limites

A irresponsável ausência de limites

Correio do Povo

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Qualquer pessoa que tem a seu encargo o orçamento familiar, como é o caso de milhares e milhares de homens e mulheres no país, bem sabe que é preciso gastar com parcimônia para que as finanças se mantenham equilibradas e as dívidas não venham a inviabilizar a sobrevivência do clã no cotidiano. Esse primado básico também deveria valer para entidades, instituições e, primordialmente, para o poder público. Infelizmente, as coisas não estão sendo vistas dessa forma por parcela dos que estão no poder no país. 

No dia 25 de abril, sete partidos da base do governo Lula lançaram uma nota informando que vão atuar no Congresso Nacional para modificar a proposta inicial do Projeto de Lei Complementar (PLC) 93/2023, que trata do novo arcabouço fiscal. PT, PSB, PDT, PV, PSOL, PCdoB e Rede estão insatisfeitos com as contenções orçamentárias da proposição e entendem que é preciso liberar a gastança para, supostamente, atender ao programa do novo governo eleito em 2022. Todavia, com isso, estão comprometendo o equilíbrio fiscal e deixando mais longe no horizonte a possibilidade de ajustar as contas públicos, o que terá reflexo, por certo, no endividamento da máquina pública e com a elevação dos juros, pois os investidores não aportarão recursos sem que tenham uma margem de lucro que possa amenizar os riscos das operações. O resultado disso poderá ser visto no aumento da inflação, na restrição do montante de crédito disponibilizado, na diminuição do capital de giro das empresas e na menor geração de empregos e de renda.

Diante dessa postura irresponsável, com jeito de tiro no pé do país, é preciso que as lideranças do parlamento consigam isolar esses interesses enviesados e produzir uma lei que contenha mecanismos eficientes para garantir um ambiente negocial seguro e atraente para investimentos. Gastar mais do que se ganha nunca não costuma ser uma fórmula boa para quem a emprega. Quando isso ocorre com uma nação, o saldo pode ser catastrófico.


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DESDE 1º DE OUTUBRO 1895