As perdas coletivas devido à pirataria

As perdas coletivas devido à pirataria

O comércio ilegal fomenta o crime organizado, que se vale das atividades ilícitas para se capitalizar e, assim, praticar novos crimes contra a sociedade. A população não pode incentivar esse consumo duvidoso.

Correio do Povo

publicidade

Um levantamento de entidades industriais de âmbito nacional mostra que o país teve perdas financeiras que chegam a R$ 435,5 bilhões por conta do comércio ilegal em 2022. Os dados constam no documento “Brasil Ilegal em números”, que aponta prejuízos em diversas áreas, envolvendo contrabando, pirataria, roubo, concorrência desleal por fraude fiscal, sonegação de impostos e furto de energia e água. O montante apontado inclui danos para o erário na arrecadação de impostos na ordem de R$ 136 bilhões em 2022. Para o setor privado, o prejuízo chega a R$ 297 bilhões nesse mesmo ano. Estima-se que a atividade ilegal tenha ocasionado a perda de 370 mil postos de trabalho. O segmento mais atingido foi o de vestuário, que deixou de empregar quase 67 mil trabalhadores no período referido.

Esse quadro mostra-se preocupante por vários motivos. Entre eles, está a atuação do crime organizado nessas atividades ilícitas, usando-as como forma de se capitalizar e, assim, praticar novos crimes contra a sociedade. Dispondo de recursos, as facções se dedicam a assalto a bancos, tráfico de drogas, tráfico de animais, de pessoas e de contrabando de recursos naturais, entre outros delitos. É por isso que as autoridades precisam atuar de forma a asfixiar financeiramente esses grupos criminosos, identificando o caminho do dinheiro, normalmente com emprego de “laranjas”, e buscando apreender essas quantias que se contam na escala dos bilhões.

Por outro lado, é fundamental realizar campanhas de esclarecimentos para que a população entenda que, além de adquirir bens nocivos à sua saúde, está propiciando a evasão fiscal que retira do poder público os recursos necessários para investimentos em saúde, educação, saneamento, transporte público, segurança pública, entre outras áreas. Em sendo assim, urge fixar que essa prática cotidiana de consumo, que pode até parecer inocente e até uma vantagem no curto prazo, representa um estímulo para que os criminosos sejam fortalecidos em suas condutas delituosas.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895