Dengue: demanda para os idosos

Dengue: demanda para os idosos

Idosos são portadores de doenças crônicas como hipertensão, diabetes, doenças do coração e imunossupressão. Na ausência de uma dose contra a doença, a prevenção nessa faixa de idade é importante.

Correio do Povo

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As maiores taxas de hospitalização por dengue no Brasil estão concentradas na população idosa. Este grupo, no entanto, está fora da faixa considerada prioritária para receber a vacina por meio do Sistema Único de Saúde. Isso porque a bula da medicação disponível, a Qdenga, produzida pelo laboratório japonês Takeda, estipula que o imunizante é indicado para pessoas com idades entre 4 e 60 anos. As faixas abaixo e acima das indicações não foram incluídas porque não foram feitos estudos de eficácia pela empresa. Ambas as faixas não foram consideradas elegíveis admite o geriatra Paulo Villas Boas, da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerentologia. O governo federal trabalha para ampliar a produção e o Ministério da Saúde objetiva unir e coordenar esforços para ampliar o acesso de toda a população às vacinas do laboratório japonês e a Butantan-DV, que está em desenvolvimento pelo Instituto Butantan. As duas instituições já manifestaram interesse para atuar em conjunto a fim de acelerar a produção de vacinas no país.

Há uma grande demanda dos idosos para obter a vacina contra a dengue. Porém, mesmo nas clínicas privadas, é difícil encontrar o produto. Como ela foi liberada, o próprio laboratório não está conseguindo suprir a demanda para o SUS. Os indivíduos mais velhos são considerados um grupo de risco para agravos decorrentes da infecção pela dengue.

O maior número de óbitos, segundo o geriatra, ocorre exatamente nessa faixa etária. Dados da Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul mostram que, no ano passado, das 11 mortes registradas pela doença, oito foram em pessoas com mais de 60 anos. Em 2022, 79% dos óbitos provocados pela dengue no Estado também foram entre idosos. As pessoas com mais de 60 anos que conseguirem a vacina, mesmo recomendada por um médico – prescrição off label, que não consta na liberação oficial –, devem conversar muito bem com o profissional da saúde, que irá prescrever a vacina, para receber a medicação com total segurança.

Na ausência de uma dose contra a doença formalmente indicada para idosos, o médico Villas Boas ressaltou que a prevenção nessa faixa etária é importante e deve ser feita por meio dos cuidados amplamente divulgados para o combate ao mosquito Aedes aegypti: impedir o acúmulo de água parada, usar repelentes sobretudo pelas manhãs e nos finais da tarde, que são os horários de maior circulação do mosquito, e utilizar roupas de manga longa e em tons mais claros.


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