Força-tarefa contra agressores

Força-tarefa contra agressores

O trabalho de proteção das mulheres é complexo e sensível. É por isso que os verbos prever, reprimir e conscientizar precisam ser conjugados de forma simultânea, visando a atacar o problema em várias frentes.

Correio do Povo

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Os membros das forças policiais e do Poder Judiciário com atuação em relação aos delitos cometidos contra as mulheres costumam ressaltar que eles envolvem relativa facilidade na elucidação e difícil ajuste para chegar à prevenção necessária. Isso porque, geralmente, a agressão parte do entorno da vítima, de alguém que está próximo dela e se aproveita disso para atacá-la. Tal fato faz com o que o trabalho de proteção se torne ainda mais complexo e sensível. É por isso que os verbos prever, reprimir e conscientizar precisam ser conjugados de forma simultânea, visando a atacar o problema em várias frentes.

O trabalho de conscientizar é amplo e deve ser feito nas comunidades, nas escolas, nas empresas e em todos os segmentos da sociedade civil. É importante envolver toda a coletividade, que deve também participar desse esforço conjunto a ser capitaneado pelo poder público. Urge mudar a mentalidade machista vigente e, principalmente, incorporar as camadas mais jovens no respeito à condição feminina, com ênfase em crianças e adolescentes. O verbo prevenir é igualmente importante e deve ser observado sempre que uma mulher fizer uma denúncia ou quando vizinhos, amigos e familiares observarem algum tipo de violência doméstica, contrariando aquele ditado de que, em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher. Deve-se sim intervir. Isso pode salvar vidas.

Quanto ao verbo reprimir, há que se combater a impunidade. Nesse sentido, é extremamente importante a deflagração da Operação Átria, sob coordenação do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), em que policiais civis e militares dos estados estão indo atrás de agressores de mulheres para que eles acertem suas contas com a lei. Até agora, a força-tarefa já realizou centenas de prisões e resgatou mulheres de lares abusivos, com combate a ilícitos penais como feminicídio, estupro, ameaças, lesão corporal, importunação, perseguição (stalking) e o descumprimento de medidas protetivas. Esse trabalho é um fio de esperança para milhares de brasileiras que precisam ter sua dignidade e seus direitos respeitados.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895