Novas perdas em tragédia repetida

Novas perdas em tragédia repetida

As medidas a serem devem tomadas têm de ter resultados a curto, médio e longo prazos. É necessário aporte de recursos para financiar estudos e programas em prol da população, notadamente dos seus segmentos mais carentes.

Correio do Povo

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Infelizmente, mas não de forma inesperada, diga-se de passagem, o Rio Grande do Sul voltou a ser palco de uma tragédia climática na madrugada desta terça-feira, quando temporais destruíram casas total ou parcialmente, desabrigando moradores, estradas foram interrompidas, inclusive com desmoronamento de trechos, como no caso da BR 290, e, para piorar, pessoas morreram ou estão desaparecidas, tudo dentro de um cenário em que falta o essencial, como ocorre com a energia elétrica, com milhares de usuários desassistidos. Várias cidades, quase oito dezenas, como Roca Sales, apresentaram estragos e prejuízos. Muitas famílias tiveram de ser abrigadas às pressas em locais improvisados. A chuva foi implacável e, segundo especialistas, este mês de abril registrou o maior recorde de precipitação pluvial desde a década de 50.

Essas ocorrências relatadas se somam àquelas registradas no ano de 2023 e configuram um quadro preocupante em que ter incidentes trágicos passou a fazer parte de uma certa “normalidade” assustadora. Enquanto isso, as autoridades não conseguem ter políticas públicas eficientes de prevenção, restando-lhes o papel de reação ante os fatos e os danos decorrentes do caos climático. É desejável que, ao menos, as iniciativas posteriores às consequências das inundações sejam eficazes para minorar o panorama adverso. Nesse sentido, é importante o trabalho da Defesa Civil, identificando áreas de riscos, bem como das prefeituras, somente autorizando edificações em lugares não sujeitos aos perigos das enchentes.

As medidas que devem ser tomadas têm de ter resultados a curto, médio e longo prazos. Para tanto, é necessário que haja aporte de recursos para financiar estudos e programas em prol da população, notadamente dos seus segmentos mais carentes. As perdas econômicas das comunidades precisam receber a atenção devida para que os mercados locais possam sobreviver aos impactos das intempéries. A prevenção deve ser uma palavra presente no dicionário dos nossos governantes.


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