O lixo sem o devido destino

O lixo sem o devido destino

Como já é sabido e consabido, a natureza está sendo desafiada no sentido de responder à degradação dos recursos naturais com uma regeneração que já não é mais possível de ser feita pelo ritmo atual de destruição.

Correio do Povo

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Todos somos produtores de lixo, mas apenas uma parcela está comprometida com a reciclagem e com o correto destino dos excedentes que produz. De acordo com um levantamento do relatório Global Waste Management Outlook 2024 (GWMO 2024), lançado na semana passada durante a Assembleia das Nações Unidas para o Ambiente, em Nairóbi, capital do Quênia, a projeção é que a geração de lixo no mundo poderá atingir 3,8 bi de toneladas em 2050, com graves reflexos no clima, imprimindo variações meteorológicas tão distintas como inundações e estiagens. As consequências para as populações tendem a ser as mais variadas, com reflexos nas camadas pobres que vivem em lugares mais propensos a tragédias climáticas.

No Brasil, a situação não é muito diferente. O estudo aponta que, até 2050, a produção de resíduos deverá ter um incremento de mais de 50%, podendo chegar a 120 milhões de toneladas por ano. Esse montante evidencia que o país demanda ações urgentes, que incluem aumentar a capacidade de reaproveitamento de excedentes, que hoje está em torno de 3%. É grave também que a maior parte do material enviado para lixões e aterros esteja sendo depositado de forma imprópria e seja poluidor do solo e do meio ambiente.

Como já é sabido e consabido, a natureza está sendo desafiada no sentido de responder à degradação dos recursos naturais com uma regeneração que já não é mais possível de ser feita pelo ritmo atual de destruição. É preciso que cada um faça a sua parte em consonância com o poder público e com a iniciativa privada, buscando uma economia produtiva e sustentável. Também cabe cobrar das autoridades a efetiva aplicação da Lei 12.305/2010, que institui a logística reversa, instrumento de desenvolvimento econômico e social da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Trata-se da coleta e da reciclagem de produtos e de seus resíduos após o consumo do cliente final. Além de constituir uma neutralização de danos, pode configurar um nicho econômico para catadores e para o setor de reindustrialização de descartes.


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DESDE 1º DE OUTUBRO 1895