Um desafio para a comunidade escolar

Um desafio para a comunidade escolar

Além de ser um caso de polícia, é preciso que a manipulação de vídeos e imagens de nudez atribuídas a adolescentes sejam tratadas com rigor e como oportunidade para propiciar reflexão sobre o que é certo e o que é errado na sociedade.

Correio do Povo

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As consequências do surgimento das novas tecnologias são as mais variadas e as mais inimagináveis possíveis, seja para o bem, seja para causar danos à coletividade. Lembremos que um computador, por exemplo, pode ser usado tanto para uma pesquisa científica quanto para uma tentativa de estelionato. Não resta senão conviver com esta realidade e buscar meio de neutralizar aquele uso nocivo, predatório e, muito importante, delituoso.

Esta realidade desafiadora está fazendo parte também do cotidiano das escolas. A exemplo do que ocorreu no Rio de Janeiro, ao final de 2023, quando estudantes fizeram montagens expondo conteúdos adulterados de nudez envolvendo ao menos 20 alunas do Ensino Fundamental, por meio da inteligência artificial, agora vem à tona a denúncia de que o mesmo ocorreu numa escola particular da zona norte de Porto Alegre. Foi aberto um inquérito na Delegacia de Pronto Atendimento da Divisão Especial da Criança e do Adolescente e, inicialmente, foi constatado que seis suspeitos matriculados já divulgaram videomontagens de cerca de 20 vítimas, alunas regulares da escola.

Esses fatos irregulares precisam ser apurados de acordo com a legislação vigente, buscando-se identificar autoria e materialidade. Outrossim, para além de ser um caso de polícia, há que se ater para a oportunidade desafiadora que surge para a comunidade escolar. Trata-se de jovens em formação que precisam receber a orientação devida para cessar o fluxo delitivo e para refletir sobre suas ações, visando ao aprimoramento de seu caráter, bem como é necessário realizar um intenso trabalho para proteger a integridade física e psicológica das adolescentes que foram alvo dessa prática condenável e de alta carga danosa em sua esfera íntima, comprometendo seu bem-estar e sua tranquilidade no cotidiano. Elas precisam ser acolhidas e receber a proteção devida. Cabe ressaltar que urge o engajamento das famílias, dos pais e das autoridades para tratar de um tema tão delicado e tão atual.


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