Suporte para além do âmbito familiar

Suporte para além do âmbito familiar

Com o aumento da população idosa no país, ocorre também um proporcional incremento no caso de pessoas da terceira idade que manifestam sintomas de Alzheimer. Poder público e sociedade têm de se envolver mais com esse tema.

Correio do Povo

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Com o aumento da população idosa no país, que já ultrapassou o montante de 22 milhões de pessoas, ocorre também um proporcional incremento no caso de brasileiras e brasileiras da terceira idade que manifestam sintomas de Alzheimer, atingidos por essa enfermidade que acaba se revelando como muito danosa no âmbito familiar. De acordo com o Relatório Nacional sobre a Demência no Brasil (Renade), do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, gestado a partir de uma iniciativa do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), ao menos 73% dos custos com demência acabam onerando as famílias. Segundo o estudo, os cuidadores, muitas vezes familiares, estão sobrecarregados e, na grande maioria dos casos, são mulheres, que acabam assumindo esse papel de acordo com sua tradição de zelar por outrem.

Esse levantamento é muito importante para que o poder público e a sociedade civil se deem conta de que é preciso efetivar medidas amplas e que extrapolem o âmbito do clã doméstico como forma de criar estratégias de suporte para essas pessoas envolvidas com o atendimento dessa enfermidade. No mais das vezes, tais ocorrências não têm repercussão na coletividade e todos os ônus e consequências se tornam invisíveis no cotidiano. Urge treinar equipes de apoio no próprio Sistema Único de Saúde (SUS) e amenizar o peso que recai sobre aqueles que cuidam, que, frequentemente, acabam interrompendo sua vida profissional e ficando sem recursos para sobreviver. Essa perda de produtividade se soma com custos diretos de internação, consultas e de medicamentos, o que faz com que haja uma demanda a ser equacionada no sentido de fornecimento de fármacos e de procedimentos.

Atualmente, os números indicam que temos cerca de 1,8 milhões de brasileiros e de brasileiras acometidos por Alzheimer. Trata-se de um contingente que precisa ter sua cidadania respeitada. Isso implica ter um olhar de empatia para eles e para seus cuidadores nesta fase adversa da vida.


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DESDE 1º DE OUTUBRO 1895